sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Vida em massa

   1914: o ano que toda essa massa começou. Foi nesse ano, que Henry Ford criou o termo Fordismo para referir-se aos sistemas de produção em massa. Esse sistema baseava-se na produção capitalista, onde de um lado havia a produção em massa, e no outro, o consumo em massa, que foi utilizado na então tão conhecida Ford Motor Company, empresa qual era fundador.

   Foi a partir daí que houve a popularização do automóvel, qual objetivo era tornar o automóvel tão barato a ponto que todos pudessem comprá-lo. Mas com isso houve a mecanização do trabalho humano, tornando-o operacional, no qual o trabalhador não precisava ter uma ideia geral do que estava sendo produzido, pois seu trabalho baseava-se em apenas uma etapa da fabricação produto.
   
  Essa ignorância do trabalhador, podemos caracterizá-la como razão instrumental. Tal conceito caracteriza-se pela razão tornar-se um instrumento, algo operacional, opondo-se a razão crítica, onde o trabalhador sabe como fazer, mas não sabe o porquê de o fazer. Termo este designado pelo então filósofo Max Horkheimer na Escola de Frankfurt, algumas décadas após o início do Fordismo.

   Devido a crise do sistema de Henry Ford na década de 70, surgiu então o modelo Toyotismo, que visava a qualidade total em todas as etapas do processo produtivo, onde os empregados eram especializados em todas as tarefas, tendo um conhecimento mais amplo sobre o processo de produção, além de participação nas decisões tomadas pelos superiores. E ao contrário do Fordismo que produzia grandes quantidades e formava grandes estoques, o Toyotismo visava a demanda do mercado evitando o desperdício, e de ter produtos estocados afetados pela queda da demanda.

   Apesar do primeiro sistema ser ultrapassado pelo segundo, ainda o vemos nos dias atuais. Como por exemplo, produtos Made in China. Dificilmente você vai achar um produto feito de plástico com valor acessível que não seja de lá. E esses produtos são feitos com tanta qualidade, que se você comprar, chegar em casa, tirar do pacote e o pegar, facilmente alguma peça irá se soltar em instantes. Fora que a exploração e a mão de obra barata da China são absurdas, onde os operários trabalham pelo menos 15 horas por dia, a poucos centímetros um dos outros.

   Lembra-se do início da era do celular? Os tijolões da Nokia, da Motorola, que poderiam levar um tiro e estarem em perfeitas condições? Pois... o que podemos falar dos poderosos smartphones que se esbarrar em algum lugar já trinca ou quebra a tela, ou então chega um momento que sua "vida útil" se torna inútil, parecendo que somente o uso o desgasta?

   Pois é, nem tudo é perfeito, até a tecnologia foi feita pra não durar. E que lucros daríamos aos fabricantes se comprássemos um smartphone e ele durasse por décadas? Assim é em praticamente todos os produtos, feitos pra estragar, feitos pra não durar.

  E o que dizer da indústria alimentícia? Decaindo a qualidade a cada ano, cada vez mais artificial, mais sem sabor. O salgadinho de milho, que nada tem de milho; a então famosa Pipoteca na minha região que tem gosto de "isopor com sal"; sucos com 0,0005% de poupa de fruta, ou totalmente artificial; carnes à vácuo; congelados com inúmeros conservantes, etc. Sabor de produção em massa.

   Às vezes parece que é uma rua sem saída, que não podemos fugir, uma hora ou outra ela nos acha. E é uma coisa muito complicada de escapar, pois já faz parte da sociedade, e se você não fugir pra uma caverna nas colinas e viver só de refeição saudável, realmente saudável, vai ter longos anos de sofrimento pra adaptar-se a essa vida, nessa sociedade doentia.

   Além da indústria, temos muuuuito tristemente, a cultura em massa. Aí você pensa: poxa, a arte, a música, o teatro, o cinema, sendo padronizado pela indústria cultural, algo que é unicamente personalizado e único de cada artista. E as pessoas engolem isso como se fosse o arroz com feijão do almoço! (Não menosprezando o arroz com feijão, mas no sentido de ser um hábito).

   Pense nesses filmes clichês de Hollywood: casal romântico que acidentalmente se encontra, se apaixonam, um ou outro deve largar de algo ou alguem pra ficarem juntos, ficam juntos, brigam, mas no final sempre dá certo, final feliz, fim. Socooorro! E o pior de tudo é que tem muita gente que gosta, e alienadamente acredita que é o único estilo bom, e que gosta.

   O pior de tudo é que virou ciclo vicioso, e que envolve livros. Me perdoem os fãs de Nicolas Sparks, mas parem e pensem nas histórias dele, reparem nas capas, todas iguais com casal numa paisagem bonita, diferindo apenas de local e pessoas, e isso, pra piorar vira filme, o que acontece com todos os livros desse estilo. Cadê a originalidade e criatividade a lá  J. R. R. Tolkien, J. K. Rowling, e George R. R. Martin? Pois, terminou no último, que felizmente continua sua saga até os dias atuais. 

   Falando nele, o criador das Crônicas de Gelo e Fogo, como fã assídua de suas obras, não poderia deixar de citar a famosa série que se seguiu à saga, Game Of Thrones. Acredito que a HBO, canal que produz a série caprichou em atores, figurinos, cenários e efeitos visuais. Mas com o sucesso eminente, e alguns chegam a dizer que é "modinha", a série passou a frente da saga, esta então não chegou ao fim. 

   A indústria quer lucro, óbvio, e os livros não deixam de ser produtos. Mas como escritor, e escritor ótimo, a criatividade não tem prazo, é impossível dar um prazo pra uma pessoa dessas fazer o que faz com qualidade, é uma extensa muralha de bloqueio de criatividade. E o que a HBO fez? Continuar a série inventando seu próprio desfecho, o que me dá agonia interna, e imagino que o escritor sofre muito mais ao ver o desfecho deles.

    Infelizmente os livros são cópias um dos outros, história parecida, mas modo de conduzir diferente de cada autor. E que disso dependerá a aceitação de leitores mais críticos. Infelizmente é uma decadência literária.

  Como pseudo-cinéfila de filmes e séries, tento buscar filmes antigos ou atuais, com histórias interessantes, que valem a pena as horas de computador ligado pra baixar o Torrent e as horas em frente à TV, porque nada mais triste que passar por todo esse tempo e o filme ser uma verdadeira merda.

    Infelizmente não tem o que fazer pra reverter essa "vida em massa", a não ser que venha um filósofo revolucionador que reverta a situação. Mas enquanto ele não vem, ou enquanto nosso salvador não nasce, recomento buscar conteúdo. E isso não significa preço, pois há muita coisa em sebo, muita coisa usada, barata, com conteúdo e algo que a gente realmente gosta, a exemplo disso dowloads gratuitos, que são uma benção pra nós meros mortais proletariados.

     E recomendo um olhar crítico, rejeitar mesmo o que não gosta, agradar os outros não agradando a si mesmo é um suicídio doloroso, você acaba se tornando igual, retirando tudo da essência que você se tornou ao longo do tempo. Seja chato, mas seja um chato feliz (mentyra, não seja tão chato tipo o Sheldon do TBBT, porque aí ninguém aguenta você). Beijos e até a próxima pessoal!



sexta-feira, 21 de outubro de 2016

E depois dos 20?

  Depois dos 20,  a época adorável em que já passamos da fase de irritável rebelde adolescente, e jovem conquistador de direitos e liberdade. É a época do "e agora"!?
 
  Atualmente, essa época é de muita cobrança por parte dos pais para com seus filhos. Pois a maioria em que esta entre os 20-30 anos ainda mora com os pais, depende de uma parte da ajuda deles, não são casados e não tem filhos. É claro que um filho nessa faixa etária da uma despesa enorme para os pais, ainda mais se não trabalha e sequer frequenta uma instituição de ensino.

  Mas ter a "vida ganha" nos dias atuais, não é algo tão simples, ainda mais situações em que o país enfrenta grave e longa crise financeira. Na minha idade, minha mãe já era casada, e tinha dois filhos. Escolha ou não, foi algo muito predominante na geração anterior, principalmente em famílias mais humildes, composta por 6, 8, 10, filhos. É claro que a família vai à falência nessas situações, e o filho se vê obrigado a casar para melhorar de vida.

  Hoje, nossa geração pensa diferente. Casar, após longos anos de namoro, e filhos, talvez 1... no máximo dois, após anos de casado. Hoje temos mais oportunidades e liberdade de escolha. Antes o que era um martírio estudar em uma instituição de ensino superior, hoje é facilmente conquistado através bolsas de ensino, e financiamentos pelo governo.

  Mas assim como várias coisas na vida, as escolhas não dão certo. Seja um namoro de anos, ou a própria escolha do curso superior. Temos mais liberdade de escolha, e isso nos tornou mais críticos, mas não em sentido ruim, ao contrário, queremos que nossas escolhas sejam certas para não sofrermos depois.

   E através dessa liberdade de escolha é que nos vemos diante de algumas (ou não) escolhas que algumas pessoas fazem como ter filhos e casar. Confesso que eu vejo a idade de até os 25 sendo como imatura e não necessária para essas coisas, e sempre que vejo alguém diante delas, me assusto um pouco. Mas é uma questão muito pessoal.

  Além de não ter a oportunidade dos jovens de hoje, os de antigamente, principalmente as mulheres, se sentiam incapacitadas e muitas vezes impossibilitada de fazer um curso superior por conta da maternidade ou do marido ciumento (sim, essa merda nesse nível existia) que não gostava sequer que a esposa saísse de casa. Atualmente, há muitas opções para as mamães, como a creche pública, onde o bebê pode ser deixado desde os 2 anos de idade para cuidados especiais, e babás já não são artigo de luxo como o eram antigamente.

  Pela escolha da faculdade, a maioria dos jovens se vê incapacitado à trabalhos em longa carga horária e que exigem muito esforço, pois a faculdade em si cobra muito do acadêmico, e os dias que podiam ser de descanso, são de stress e muito estudo. E o estudante se vê diante de duas escolhas: ou continuar com o emprego desgastante que paga bem, ou continuar com a faculdade e tentar estágios que são mais acessíveis mas não pagam bem.

   E diante deste stress e gasto sem muito retorno, ninguém tem dinheiro necessário e tempo pra juntar e comprar uma casa, muito menos sustentar filhos. É uma escolha difícil, mas que logo traz uma recompensa maior.

  Não é fácil conviver com essas coisas diante a pais que não entendem e não viveram na sua geração. É preciso muito jogo de cintura e muita paciência, porque os tempos e as gerações, são outras. E não é preciso ser pessimista pra ver que as coisas e situações tendem a piorar.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Melhorar para apoiar ou apoiar para melhorar?

 Setembro, mês em que os adoráveis ipês florescem, e a primavera surge. Se é intencional à referência ao ipê amarelo no que se refere ao Setembro Amarelo (mês em que há campanha de conscientização e combate ao suicídio), há indícios, mas não encontrei nenhuma fonte que confirmasse (adoraria a ajuda de vocês amigos leitores, se assim encontrassem ou souberem).

  Enfim, o início dessa campanha no Brasil é recente, data de 2014, e por ser considerado um tabu recebeu sua atenção devida para conscientização como o é outras doenças. Pelos índices, há uma estimativa de que 32 brasileiros por dia morrem pelo ato do suicídio. Aí a gente se pergunta: por que um mal que faz tantas vítimas por dia é um tabu e não foi feito campanha anteriormente?

  Ora, eis um mal que age silenciosamente em suas vítimas. Por mais dolorosa que seja essa dor, ela age sorrateiramente, enganando suas vítimas e dizendo-as que é um mal necessário, que é a única via para apartar a dor. Como diria o autor Augusto Cury: "Quando uma pessoa pensa em suicídio, ela quer matar a dor, mas nunca a vida". E ela é a consequência de várias causas, principalmente esquizofrenia, transtorno bipolar, dependência química, alcoolismo e depressão.

  Eu diria que para chegar a cometer tal ato é um tanto de coragem para acabar com a própria vida; não deixa de ser um ato egoísta, pois a pessoa pensa em acabar com a sua, exclusivamente sua dor, talvez nunca pensando que poderá ser a causa de dor para seus próximos; talvez delírio; mas principalmente a falta de apoio de próximos para com a sua dor.

   Independente da doença que citei algumas linhas acima, todas devem ser medicadas e seguidas de tratamento psicológico. Não é engraçado (por maior que seja) o tiozinho bebaço com sua monark vermelha aos tropeços na rua e depois caindo; a pessoa delirar com atos e pessoas imaginárias achando que em seu subconsciente são reais; a pessoa ter fases maníacas e depressivas convivendo e em transe dentro de si; o moço fingir estar feliz socialmente, mas quando está sozinho ruir em pensamentos e seu corpo sofrer com sua falta de prazer pela vida.

  Todos são distúrbios ou doenças, temporárias ou não, e sérias, que merecem nossa atenção e cuidado, principalmente quando um ente ou amigo querido está em tais condições. Não é fácil para alguém admitir que tem tal monstrinho impregnado em si, e pior ainda, aceitar um tratamento, e pior ainda (multiplicado por 10 vezes) continuá-lo e sair vitorioso dessa.

  Tudo porque realmente são tabus, em que os quais a sociedade rejeita, ou sendo tabu, aceita (acho que cêis entenderam). Ninguém quer ter um amigo alcoólatra dando vexame em festa e depois ter que cuidar do miseráve; o patrão não quer um empregado triste, depressivo, pois isso não atrai clientela, etc. Tudo porque a sociedade não sabe lidar, e o pior, não está pronta pra lidar com isso!

  10 dedos, 5 em ambas as mãos (estou generalizando), e o que é o mais usado é o indicador, o famoso dedo "julgador". Porque você fez isso e não aquilo; tá assim por que quer; vai dar uma volta que melhora; para com isso, só faz a gente passar vergonha, etc, etc. E o mais lindo gesto de acolher, abraçar, apoiar? Na maioria das vezes, a sociedade esquece que as mãos também servem pra isso.

  É o maldito preconceito enraizado na sociedade, e infelizmente está em cada canto em que a pessoa sofre de distúrbio ou doença, enfrenta. E o mais doloroso vêm dos que mais gostamos: amigos próximos e familiares. Só digo uma coisa: quando seus amigos e/ou parceiro romântico não entendem o que você sofre, não querem te apoiar para enfrentar essa, o famoso: tchau e bença. Sim, isso mesmo, você não precisa alimentar-se de relações sem reciprocidade, e pior ainda, quando não o auxiliam em dificuldades. Mas e quando se trata de familiares? Não da pra se desfazer... 

   Isso é uma das principais causas do alongamento do distúrbio ou doença que vêm a causar suicídio, a falta de apoio. Pois de que adianta a pessoa tomar seus medicamentos corretos, consultar regularmente psicólogos, seguir à risca o tratamento, se em casa a coisa não muda? Como por exemplo o alcoólatra, semanas sem por um gole de álcool no organismo, e chega em casa seu filho rodeado de cerveja e as oferece? É como se a pessoa fosse ir ao tratamento, deixasse o monstrinho em casa, e voltar à ele, como se nada tivesse acontecido, e eis que o acolhe: senti sua falta, venha para sua casa, aqui é mais aconchegante.

  Quando uma pessoa se trata, todos o seu redor (os mais próximos) devem se tratar também. Amar envolve cuidado e atenção, independente da relação, e como eu disse anteriormente, se não há tais sentimentos, deixe-os. É difícil alguém aceitar seu erro, e principalmente oferecer ajuda, mas também de nada adianta se você não está disposto a se abrir, a dar uma chance para com alguém que se preocupa com você.

  Se você se sente sozinho, não tem amigos e os únicos próximos à você são pessoas que não entendem, peço paciência. O seu intuito de reconhecer, e continuar o tratamento é um sinal de muita força, e não deixe que isso o esgote, encontre formas de recarregá-la e não deixe por vencido, e principalmente, continue seu tratamento. Aos poucos aparecerão pessoas verdadeiramente gentis, que se preocuparão contigo, e o apoiarão. É tudo uma questão de tempo, você pode usá-lo ao seu favor ou não.

   E se você foi o dedo julgador mencionado acima e tem alguém próximo que está sofrendo, corre lá pra dar uma ajuda, ainda há tempo, quem sabe sua ajuda é a que faltava para a pessoa não cometer  o suicídio. Preocupe-se com o próximo, toda ajuda é bem-vinda.

Fonte: www.setembroamarelo.org.br
           ondda.com
           meucérebroeexperienciasbaseadasemfatosreais.com 

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Qual é a ânsia da geração ansiedade?

   Ansiedade... ta aí um mal que muito assola a humanidade nos dias atuais. Não deixa de ser outro "monstrinho" de longa data, mas que com o advento da tecnologia o assolamento é devastador.

  Quem nunca dormiu mal por conta de uma viagem bacana, sentindo-se ansioso pra chegada da hora; ou por marcar um encontro com alguém que está apaixonado, etc.? É, são coisas normais, que aquela pontadinha de ansiedade não faz mal à ninguém.

   Mas e quando ansiedade deixa de ser algo inofensivo? Pois bem, é só olhar ao se redor, pessoas quase que sugadas pelo smartphone, numa tecnologia cega de que precisa daquele vazio de uma rede social, de videos que não informam nada. É o preencher vazio com outro vazio. E isso é uma constante, você de alguma forma sente necessidade de estar com ele ali em mãos a todo momento, mas a verdade é que não precisa tanto assim.

    Praticidade e economia de uma certa forma. Quesitos que uniram grande quantidade de gadgets pra você usar em um só, que cabe na palma da sua mão, mas que quase cai do seu bolso. Posso mandar mensagem via aplicativo Whatss App conectando-se ao Wiffi até "roubartilhado" a um parente ou amigo distante, sem gastar praticamente nenhum centavo do bolso.

   Mas tanta praticidade pra algo útil, em uso frenético, torna tal objeto de certa forma, inútil. Por que?  Simples... é só ver o quanto o objeto te toma tempo ao longo do dia. O tempo que você poderia estar lendo uma matéria interessante, um capítulo de livro, conhecido pessoas bacanas, brincado com seu cachorro, procurando seu gato, regando ou até plantando uma mudinhas.

  Essa tecnologia quase cega, alavancou a ansiedade nos dias atuais, ao meu ver. Esse imediatismo de mensagens mandadas/recebidas, vídeos acelerados, informação frenética nos deixa angustiados diante à lentidão, demora de uma fila no banco, da pessoa que marca de sair e está no caminho da serpente (piadinha interna DBZ), ou até do esquecimento de algumas pessoas quanto a responderem suas mensagens. Até pros ansiosinhos de leves, corrói um pouco por dentro.

   Isso nos leva a não apreciar as coisas de forma leviana, não deixar as coisas fluírem por um estado de espírito às vezes momentâneo, louco pelo futuro (10min daqui depois).

   Fico imaginando essas pessoas mais ansiosas que não gostam da demora nem de 5min na resposta, viverem na época dos pombos, dos mensageiros, que levavam dias, semanas para entregarem a mensagem ao destino (muhahahaha -risada psicopata mental-). Que horror seria, não?!

  E cada um tem um modo de afugentar o monstrinho, ou melhor, anestesiar. Uns fumam, outros comem, tem tiques, incomodam os outros, etc. E é isso mesmo, anestesiam... porque pra quem é ansioso demais, o monstrinho apenas dá uma volta e logo esta ali pra afugentar o ser novamente.

   Sempre receio o que virá das próximas gerações. A tecnologia veio com uma nova geração, mas não atormentando somente essa geração, mas praticamente todas elas. Pergunte a um jovem entre seus 13-17 anos, o que ele faz no ócio, nas horas vagas. A maioria dirá jogar video game, assistir algo na tv aberta ou até ficar algum tempo pela internet. Raros dirão que fazem do ócio horas criativas, produtivas. Vejo por mim mesma: a diminuição de livros em comparação a 2, 3 anos atrás. E nem é a falta de tempo, muitas vezes é a disciplina e meta de sentar e dizer: hoje só paro se ler tantas páginas.

   E o maior dos problemas nem é tanto a gente não ter essa capacidade de se autodisciplinar, mas de incentivo, principalmente vindo de um adulto a uma criança. É só olhar os brinquedos que dão as crianças, o tal do carrinho e boneca. Como se não existissem jogos, brinquedos que estimulam o cérebro e raciocínio. O que dizer de livros então? E sinceramente, tais brinquedos aproximam mais a família do que um carrinho ou boneca, pois muitas vezes o objetivo do jogo é tentar encontrar o objetivo e isso entrete, tanto pais, quanto filhos.

   Mas o que fazer dos pais que não tem tempo pra eles mesmos, que cresceram sem estímulo de desenvolvimento de raciocínio quando pequenos? É uma pena, talvez a criança só se encontrará tardiamente, com um amigo nerd que o entenda.

  Para onde caminharemos então, se já temos quase tudo praticamente conquistado, e podemos conseguir o que quiser? Ah, eu tenho medo dessa resposta. Só resta acompanharmos o avanço (ou não avanço) da nossa queridíssima espécie em proliferação.

   E pra finalizar, um poema de minha autoria sobre o mesmo assunto:

Qual a ânsia da geração ansiedade?
Viver do aqui e agora
Anda, vamos logo
Que já é fim de tarde.
Querer sem percorrer
Ter sem valorizar, sem precisar.
Eles querem tudo,
Mas ao mesmo tempo nada.
Tecnologia cega,
Natureza esquecida.
Tudo para no final, nada.
Vida desmerecida.

   

sábado, 16 de julho de 2016

A posse do que você possui é sua posse?

  Diante da globalização e capitalismo em massa, nos vemos diante à mesquinhez e estupidez humana, o qual antes era tão claro, hoje, transparente.

  Acho que isso vem inicialmente da biologia do ser humano, apenas um é o espermatozoide vencedor, raras vezes dois, tão quanto, três. Na natureza animal, muitos nascem de uma só vez no ventre da fêmea, como por exemplo a gestação do gato e do cachorro, e outros diferem, dando a luz apenas um por vez, como o elefante e algumas espécies de macaco.

   Será o ser humaninho pra nascer naquele ventre quente, único e seu, alguém especial, único de cuidado e proteção? E o que nasceu antes naquele ventre ou irá vir depois, não é ou será especial também? A estadia naquele ventre o faz especial e único?

   Não acho que o ser humano não precise de cuidado e proteção, muito pelo contrário, mas às vezes as pessoas vêem outras como um ser humaninho frágil, que acabou de sair do ventre, aquele lugar aconchegante, e quando cai de cara no mundo acha que é um absurdo, como diria o grande Cazuza em uma de suas sábias canções: "Preste atenção, o mundo é um moinho, vai triturar seus sonhos tão mesquinhos".

   Será o fato de um ser nascer do seu ventre em contrapartida com outra pessoa, algo inédito, só de vocês, sua posse? Claramente muitos pais pensam dessa forma, sabem que o filho nasceu para o mundo, mas não agem como tal. Isso transparece principalmente na adolescência, quando o filho tenta libertar-se das amarras biológicas e viver sua vida.

   Não sei quanto ao homem, mas como mulher a experiência é engraçada. Quando você inicia uma vida amorosa com alguém, seu pai estranha, muito. Como pode sua querida filha, "frágil", estar namorando? Até que ponto a proteção dos pais seria proteção, e não posse?

   Seria algo parecido com uma frase famosa, mas em outro contexto: meu filho, minhas regras. Então a casa que os senhores casal típico brasileiro adquiriu vem acessoriamente um filho, o qual, sendo de vocês, o é fadado à regras? Infelizmente o é, até a longa estada naquela casa, na convivência familiar, ou até você mostrar que não é de fato, posse.

   Crescendo como posse, rodeado de mimos, cuidado e proteção, vemos aí crescer um ser humaninho horripilante, mesquinho, estúpido e que não sabe caminhar com os próprios pés. Cego diante de tanta luz da realidade, e morrendo de frio diante à distância do aconchego maternal, o ser busca obcecadamente outro ser que lhe dê todo o aconchego e proteção, que por ora não o mais recebe.

   Vendo aquele ser frágil e pequenino, o outro ser vê tão logo a necessidade de cuidá-lo, e a empatia é tão logo percebida que um torna-se posse do outro. É o típico: você é meu, e faz o que mando; você é o meu mundo, eu sou o seu, e o resto não importa.

  Pera aíííí! Cooomo assim o resto não importa? E o planeta Terra onde entra? E os seus outros coleguinhas ser humaninhos? Infelizmente é assim para os ser humaninhos horripilantes e mesquinhos que nasceram como o centro do Universo. E pra piorar, é um círculo vicioso, que só vai parar com a geração que tiver consciência de que aquilo é um mal horrendo à ele e principalmente à espécie.

    Fadado de mimos o ser humaninho é egoísta, o que é seu é seu, e ninguém mexe. Dividir? Balela! Ganhei as coisas só pra mim, não vou dividir com ninguém. Tive atenção só para mim, não vou dividir com ninguém.

  E assim a orla de mesquinhez só cresce. Possuindo muito sem valorizar, há desperdício, e consequentemente falta para muitos. A desigualdade social é um grande mal do sé. XXI, e isso seria a culpa do sistema o qual somos fadados a viver? Ou culpa no próprio ser humano que o segue cegamente e não vê o outro que precisa do pouco como semelhante?

   Você já parou pra pensar e analisar o que e o quanto de fato é seu, materialmente falando? E o quanto disso tem valor sentimental pra você? Você ja não tem o bastante, já não tem o suficiente? Por que mais, para impressionar alguém, para se sentir melhor, ou simplesmente ter?

   Já percebeu que tão logo você não possuir mais suas coisas, tem alguém ali ansiando por tê-las? Já percebeu que por apenas um curto espaço de tempo as coisas as quais você tem serão sua posse? É, nem tudo é seu, até sua curta estadia na Terra acabar, meu caro.

   O consumismo é um circulo vicioso. Quando você trabalha, após comprar o que de fato necessita, sobra para comprar o que você não precisa. Muitos se entopem de roupas, outros de automóveis caros, são obcecados por coisas que na realidade não representam nenhum valor sentimental e que geram lixo, tão logo se deteriorarão.

  Você não parou pra pensar que ao invés de gastar com coisas supérfluas e sem sentido, poderia gastar seu tempo e dinheiro com algo que faça sentido, como por exemplo um jardim, um instrumento musical? Investir em você, não em coisas que não o façam feliz,

   O possuir, o ter, o egoismo, a mesquinhez. O quão isso torna a pessoa horrenda! E as pessoas que mais tem esses defeitos, são as mais complicadas de lidar, pois enquanto você está passando por um momento difícil, ela vai pensar primeiramente nos seus minúsculos problemas, e ao achá-los grandes ao seu ver, esquece que o do outro é bem maior.

   Gentileza gera gentileza, já o dizia o poeta Gentileza. Mas não é tão fácil assim na prática. Gentileza é por si só um ato, que não precisamos de gratidão na palavra ou em objetos, ela está no sorriso da pessoa que o recebeu, no brilho de seus olhos, na diferença que fez naquele momento.

   E às vezes como boas pessoas acabamos por ser gentis com pessoas que não precisam, que estão literalmente cagando pelo seu ato. Mas por que não precisam? Ora, seu ato será tão supérfluo, e investido de nenhum sentimento, que a pessoa não é capaz de ver com bons olhos, o ignora e devolve o dobro em "ingentileza". Seu umbigo é tão grande que não dá para enxergar o outro.
 
   Infelizmente acontece tanto, que ao nos depararmos com pessoas gentilezas, atos gentis, é de tamanha a surpresa que chegamos a estacionar no tempo para processar o acontecimento. O fato de gentileza ser algo raro, meu caro, dói em admitir.

    Mas cá estamos, vamos ver onde tudo isso vai dar.





domingo, 12 de junho de 2016

Um complexo de sentimentos chamado amor

    Há um ano, aproximadamente, falei sobre algo parecido neste blog. Pensei em alongar o texto como fiz com o último, mas como somos seres em constante transformação e aprendizado, resolvi  escrevê-lo novamente, com minha visão atual, que difere em alguns sentidos da antiga.

  É notório tal sentimento estar presente em nossas vidas, em muitos sentidos, não apenas o romântico, típico casal branco hétero capitalista. Alguns, na falta deste sentimento na família, tanto por parte de pai, mãe, irmãos, ou quando se veêm afastados deles, na concepção de terem tido um grande laço afetivo, e na falta deste carinho, buscam-o cegamente em alguém a qualquer custo. Mas isso é relativo, pois há muitas pessoas que não tendo muito carinho e proximidade com a família, acabam vendo que ficar sozinho não é algo ruim, desde que bem aproveitado.

   Quem vai atrás de uma busca cega pelo amor é perda de tempo. Porque às vezes a falta de algo pode ser preenchida com outra coisa, não necessariamente o amor. O amor não é qualquer pessoa que bate à sua porta oferecendo aconchego e atenção, não é o que bate à sua porta lhe exaltando e dizendo que faria tudo por ti. Aceitar qualquer uma dessas gentilezas (ou não) à sua porta, é mendigar o amor, é fazer de algo bonito ser esdrúxulo, medíocre.

   Ao sair de um relacionamento longo, independente de quem saiu na pior, o sentimento é de vazio, porque é acostumado com o outro ao seu lado por um bom tempo, na ignorância de que só a pessoa lhe preenche o vazio que a ela mesma inventou. Quem consequentemente se afastou dos seus círculos de amizade por causa deste amor, sente-se muito só, e tenta buscar o alívio em outro amor, um amor qualquer, sem saber ao certo do que precisa no momento. E aí vem as mágoas e corações partidos, porque o que você realmente precisava não era de amor, muito menos um amor qualquer.

   Uma dica para quem se vê nesta situação é recomeçar de novo, fazer novas amizades e curtir a vida como solteiro. Não digo no sentido de viver de pegação, essas coisas, mas sair mais com amigos, beber, fazer o que realmente gosta, aprender a ficar sozinho, se deixar conhecer novos lugares e pessoas interessantes. Às vezes o que lhe falta mesmo é saber quem realmente é, para no próximo passo, saber onde ir. Quando você se conhece, você começa a ter a consciência do que quer. Aí fica mais fácil de reconhecer o que não é de seu interesse, o que não lhe faz bem, e na primeira oportunidade, cair fora.

   Algo que aprendi nos últimos tempos, é reconhecer energias. E tal aprendizado é de muita importância, pois é como a lei da atração: as energias se atraem, tanto as positivas, como as negativas. Reconhecer elas em pessoas é algo instantâneo, não exige formalidade para aproximação, nem nada, simplesmente acontece. É algo importantíssimo, pois assim saberá se dará certo com a pessoa ou não. E a partir daí é só deixar levar, sem expectativas nem nada. Deixar a energia fluir e seguir caminho, seja qual caminho ela for. Se unir à ela, é aumentar o campo eletrostático e consequentemente aumentá-lo com pessoas na mesma sintonia.

   O amor é algo somatório, o qual a pessoa está contigo para somar: interesses, experiências, aprendizados e muitas outras coisas boas. Quando vira em estresse, brigas, cobranças, isso de longe é amor. É só aquele sentimento falso de amor, alimentado por boas doses de paixão.

    Deve-se também após ter consciência do que quer, para saber onde ir, o seu tempo para cada coisa. Há tempos que o amor pra gente não é uma boa, não é um bom momento. Porque ao aceitar uma pessoa como cônjuge, um par amoroso, é aceitar a carga toda que ela traz e trará, inclusive pessoas e situações. E às vezes, na nossa calmaria, não necessitamos dessa complexidade.

   Às vezes, o que faz com que façamos coisas erradas somos nós mesmos, sem nossa capacidade de auto-conhecimento, não saber a hora de partir, nem a de ficar. É as vezes deixar o outro alheio e ignorante quanto à situação, conduzir, aceitar conselhos desnecessários, que só pioram a situação.

  O amor é um passarinho de verão, voando sem destino, que ao acaso o encontra para voarem em várias direções. O amor é ser livre e aceitar a liberdade do outro sem preconceitos, com aceitação e reciprocidade, com o entendimento de que a pessoa não é uma posse e não é seu pra fazer o que bem entender. O amor é algo bom, desde que bem aproveitado, no momento e com a pessoa certa.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Um monstro chamado machismo II

    Vou continuar um texto deste blog, o qual foi escrito em dezembro de 2014: "Um monstro chamado machismo". Para fins de esclarecimento, e também para o leitor não perder seu tempo caso ache que esse é um texto feminista, vou lhe adiantar minha opinião quanto a essa questão: sou igualitária, acredito que tanto homens e mulheres têm as mesmas capacidades, e defendo-os da mesma forma, na busca da igualdade absoluta. E é claro, caro leitor, V. Sa. está de diante de uma crítica igualitária.

     É inquietante, degradante e horripilante como o tal monstro, referido neste texto, está enraizado na sociedade. Isso mesmo, enraizado. Posso até fazer uma breve analogia a tal comportamento com uma série que acompanho atualmente do grande diretor Guilherme Del Toro, o The Strain. 

    Tal série, caso o leitor não a conheça, se trata de uma criatura estranha, parecida em partes com ao vampiro. Mas este, não apenas suga sangue, por um órgão um tanto curioso: uma língua gigantesca envolvida de garras que paralisam a vítima, ele deposita uma grande quantidade de larvas, estas se infiltram na pele do hospedeiro e lá o transformam como igual, e assim consecutivamente, até ser morto, o que não é uma tarefa fácil.

    É assim o machismo, uma espécie de doença, que ao encontrar uma vítima, o faz de hospedeiro, e assim por gerações, até vir o bom senso e pesamento libertário individual que faz a pessoa se libertar de tal larva. 

   Querendo ou não, você, ao andar por aí, dá uma topada com uma pessoa, transformada pelo monstro, louca para depositar em você suas larvas-parasitas. Essa pessoa, independente da sua opinião sobre o assunto, não está nem aí com o que você pensa, o vê como uma pessoa a ser oprimida. Engraçado é você tentar inverter a situação, tentar oprimir o opressor. É algo um tanto quanto curioso, pois, dependendo de cada pessoa e/ou situação pessoa, esta não o vê mais como pessoa a ser passível de convívio, ela se sente humilhada e quer distância de um "concorrente" como você.

     Irei fazer um breve comentário (que confesso, se tornou extenso), de interessante reflexão ao leitor, sobre o primórdio, mais pra início de tal propagação machista. Historinha da humanidade contada aos cristãos: "Deus criou o homem e a mulher a sua imagem. O homem veio primeiro do barro *Plim*, e logo em seguida, da costela deste veio a mulher *Plim*." -Peeeeeera aí! Donde inventaram que o nascimento dá-se através das costas de um homem feito de barro? Por que a mulher, como genitora-hospedeira assim digamos, do filhote da espécie, não veio antes do homem, para assim ele aparecer?-

    Continuando: "(...) Aí Deus todo poderoso do céu e da terra tem em sua posse um enorme e invejoso jardim, onde esses dois humanos são colocados para viver, com regras é claro, e observado pelo Deus às escondidas, salve Pedro Bial. Por tentativa de não fazerem cagada (que se tornou mais por erro induzido), o papi falou aos filhinhos (que por curiosidade, praticaram incesto): Eva (por que diabos Eva e não Adão?), não coma do fruto proibido. Eva que tem em si um pouco de sangue polaco, por teimosia, fez o contrário, seduzida pelo capiroto disfarçado de serpente." Não era mais fácil falar pra ficarem longe do capiroto, e consequentemente falar que o "fruto proibido" tava envenenado?

      Enfim, caro leitor, certa historinha dá-se a pensar o que? Que desde essa data não identificada nos livros científicos, essa lenda (como eu vejo), impôs o machismo logo de primeira, de supetão, assim dizer. Mulher vindo após o homem, mulher como pecadora, mulher como não leal... etc. E este dado como livro sagrado o qual o cristão deve entendê-lo à vida toda, sem sequer entender suas entrelinhas.

    Voltando...Posso fazer até mais uma comparação, desta vez com o capitalismo. O que é o machismo, nada mais do que uma espécie de opressão ao oprimido? Não estou falando aqui do capital, como é no capitalismo, mas nesse caso, de interesses, relações, estas diversas, no dia-a-dia, onde deparamo-nos com tal cenário.

    O homem, ao vir de uma família e/ou cultura machista, ao se casar com uma mulher o usufrui de tal monstrinho. Na sua infância, ao ver a relação dos seus pais, estes oriundos também de uma cultura machista, se vê fadado a repetir tais atos: o pai impõe regras, autoridade na família, trabalha, e fica o dever de a mãe cuidar da casa, dos afazeres domésticos e cuidar dos filhos, aquele velho nhe nhe nhén de submissão. 

   A mulher, por também vir da cultura machista, muitas vezes é na maioria das vezes, machista. E o que faz? Se deixa oprimida pelo opressor, faz as coisas que lhe foi imposta porque conviveu com isto a vida toda, o que aconteceu com ela, aconteceu com os pais delas também, e para ela é nada mais nada menos que um exemplo a se seguir, o "certo". E se fugir do que é imposto como modelo perfeito, a pessoa é vista como um estranho, um  dito causador de desordem e paz mundial.

    A mulher, apesar de seu reconhecimento na atualidade ainda é vista como inferior, incapaz em relação ao homem, porque não somente os homens as veem como tal, mas as mulheres se auto aceitam nessa dita inferioridade.

    Posso dizer que eu, vindo de uma cultura e família machista batalhei bastante para a aceitação de minha opinião e liberdade. E isso não é uma tarefa fácil, é algo que se você acha como certo, quer isso pra você, deve lutar com garras e dentes, e principalmente, ser forte. Mas ainda assim, devo manter minhas adagas sempre em mãos, pois a larva sempre está tentando uma busca fracassada de entrar em minha mente.

    Assim o digo para você, mulher, que se viu ou ainda se vê diante do mesmo cenário de que eu, enfrentar esse monstro, pois apesar da força que ele tem, nada é melhor do que sua valentia e perseverança pra lutar contra ele. Digo isto porque é algo muito comum, vejo isto em meu convívio social, famílias oprimindo jovens mulheres, que há muito conquistaram sua maioridade, se veem impotentes diante de tais ideologias à muito, passadas.

    Mulheres, é hora de dizer chega! Chega de opressão, chega de violência, chega de acharem e acharmos que somos coitadinhas. É hora de olhar para o espelho e enxergar além, enxergar sua essência, o que você realmente é, o que você realmente quer, e lutar por seu ideal, pela sua felicidade.

    Homens, é hora de matarmos essa larva parasita. Chega de oprimir, levar adiante a gerações tais ideologias, e tratar, enxergar a mulher ao seu lado, ao seu redor, como igual. 

    Porque liberdade é algo que quase todos têm, só não sabem como usá-las e lutar por ela.

     

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

O que faz do ser humano ser um humano?

   Invisíveis aos olhos de quem não quer ver, eles passam despercebidos por não fazerem mais parte da sociedade. Mas quem disse que eles, os moradores de rua, não são mais como nós, cidadãos ativos da sociedade?
   
   Assim como as cidades aumentam gradativamente seus números populacionais e também é claro, sua economia, mais e mais moradores de rua aparecem vagando pelas calçadas, dormindo em um canto qualquer com seus pedaços de papelão e um cobertor surrado. O que aconteceu para esta pessoa andar por aí sem rumo e sem praticamente nenhum bem material? O que houve para ele ser excluído da sociedade o qual um dia fez parte? Até quando essa pessoa vai viver nesta situação?

   É fácil para nós reclamarmos de algo que não está perfeitamente confortável, algo que está faltando e é muitas vezes supérfluo, que algo não é bom o suficiente para nós, etc. Quanto mais comodismo melhor. Não está bom ter uma casa confortável, mobiliada e um carro popular na garagem? Por que sempre queremos mais?

  Vivemos na indústria do fazer e ser notado, do trabalhar para suprir não somente necessidades, mas principalmente, desejos. Não queremos apenas o pão, queremos o pão gurmetizado. Não queremos apenas uma roupa que cubra nosso corpo e nos mantenha aquecidos, queremos estar estilosos e bem vestidos.

   Um exemplo claro de extravagância é a que aparece com frequência em canais de TV: uma pessoa da alta sociedade cansada de não ter no que gastar seu dinheiro, mima seu animal de estimação com o que há de melhor: uma coleira de diamantes, biscoitos gurmetizados, roupas semelhantes aos dos filhotes humanos, etc. Não obstante, há casos de pessoas que compram macacos para assim os cuidar como filhos, vestindo-os e alimentando-os como tal. 

   Nada contra tratar os animais com carinho e cuidado. Mas agora mimar excessivamente um animal a ponto de torná-lo um objeto de luxo, para fazer dele o que bem entender, é o ápice da ignorância do ser humano. Faz de conta que o animal saberá comportar-se adequadamente, saberá fazer suas necessidades em locais próprios para isso. Aposto que uma pessoa dessas que mima excessivamente um animal a ponto de quase torná-lo um humano, é uma das principais pessoas que citei lá em cima: a que ao olhar delas, o morador de rua é invisível, tornando-os assim desumanos. 

   Por que desumanizam alguns humanos e humanizam alguns animais? Que universo paralelo é esse? Ou ao popularmente dito: "A que ponto chegamos"?

   Mal vistos pela sociedade estão também os ex-presidiários. É, aquela "escória" que as pessoas insultam por terem cometido um delito, que são jogados em celas feito animais, ou a grosso modo: os que são expulsos da sociedade.

   Os homens criam leis para tentar harmonizar a sociedade, punindo assim os que infringem o que é posto como o correto. Anteriormente, há tempos muito remotos, a pessoa que cometia um delito sofria o chamado suplício, que era nada mais do que o sofrimento do corpo, uma pena corporal em si, um ato de crueldade e barbárie, onde o condenado era exposto ao povo e mutilado até a morte, a mando do rei ou governante.

   Logo depois as punições foram amenizadas para masmorras desprovidas de luz e isolados, onde o delinquente era levado após um "showzinho" para o público, caminhando pela rua com uma placa dizendo o delito que cometeu. Assim, o intuito da pena não era de que o criminoso voltasse a cometer o crime, mas que servisse de aviso pra população que não o deveria fazer.

    Anos depois, começou-se o encarceramento coletivo, onde a gravidade da pena era medida em anos. Muitos dos delinquentes eram tidos como vagabundos, que entraram no mundo do crime por não ter o que fazer, não ter uma ocupação. Visto isso e com o objetivo de reenquadrar, trazer de volta o criminoso à sociedade, trouxeram à prisão o incentivo do trabalho descontando-se assim o tempo da pena, para que ele buscasse um sentido de sobrevivência que não seja o de praticar delitos, para assim retornar à sociedade como um cidadão ativo da mesma.

   Mas não é isso que ocorreu e vêm ocorrendo. As pessoas de longe empregariam ex-presidiários, pois como cometeu um delito, quem garante que não vá cometer outro, e ainda mais: outro no estabelecimento que for empregado? Infelizmente é triste saber que após tanto tempo encarcerado, longe da sociedade, essa pessoa que ao voltar, não é aceito como tal.

   O intuito das prisões na verdade é nada mais nada menos que reenquadrar o indivíduo à sociedade e devolvê-lo como cidadão ativo, mas como expliquei acima, não é o que ocorre. Qual é o sentido então de voltar ao lugar de sua espécie, sendo que não o tratam como tal? Qual o sentido de reaprender a viver naquele meio se não há espaço para o mesmo?

   Para quê tanta distinção, se no final somos todos iguais, seres da mesma espécie e de mesma capacidade intelectual? O que importa realmente para uma sociedade consumista que não vê todos como iguais? É óbvio, o dinheiro. Aquele pedacinho retangular e um punhado de moedas redondas (que pode ter outras formas) feitos em massa onde se é atribuído valor significativo, que pode-se ter basicamente o que quiser.

  Matam-se e roubam em massa por este precioso objeto. Causador de discórdia e ódio,  tiram de quem tem e batalhou por isso, para encher bolsos de quem simplesmente os tomou. Como pode o ser humano ser classificado com mais ou menos desses objetos? Como pode o ser humano ter valor para muitos, em forma financeira?

   Mundinho estranho esse, não?! Mundinho este, que um dia poderá se extinguir juntamente com a sua raça existente predominante, onde no final, dinheiro perderá sua carga valorativa e voltará a ser um simples objeto imóvel desprovido de valor.


Fonte: FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 1987.