1914: o ano que toda essa massa começou. Foi nesse ano, que Henry Ford criou o termo Fordismo para referir-se aos sistemas de produção em massa. Esse sistema baseava-se na produção capitalista, onde de um lado havia a produção em massa, e no outro, o consumo em massa, que foi utilizado na então tão conhecida Ford Motor Company, empresa qual era fundador.
Foi a partir daí que houve a popularização do automóvel, qual objetivo era tornar o automóvel tão barato a ponto que todos pudessem comprá-lo. Mas com isso houve a mecanização do trabalho humano, tornando-o operacional, no qual o trabalhador não precisava ter uma ideia geral do que estava sendo produzido, pois seu trabalho baseava-se em apenas uma etapa da fabricação produto.
Essa ignorância do trabalhador, podemos caracterizá-la como razão instrumental. Tal conceito caracteriza-se pela razão tornar-se um instrumento, algo operacional, opondo-se a razão crítica, onde o trabalhador sabe como fazer, mas não sabe o porquê de o fazer. Termo este designado pelo então filósofo Max Horkheimer na Escola de Frankfurt, algumas décadas após o início do Fordismo.
Devido a crise do sistema de Henry Ford na década de 70, surgiu então o modelo Toyotismo, que visava a qualidade total em todas as etapas do processo produtivo, onde os empregados eram especializados em todas as tarefas, tendo um conhecimento mais amplo sobre o processo de produção, além de participação nas decisões tomadas pelos superiores. E ao contrário do Fordismo que produzia grandes quantidades e formava grandes estoques, o Toyotismo visava a demanda do mercado evitando o desperdício, e de ter produtos estocados afetados pela queda da demanda.
Apesar do primeiro sistema ser ultrapassado pelo segundo, ainda o vemos nos dias atuais. Como por exemplo, produtos Made in China. Dificilmente você vai achar um produto feito de plástico com valor acessível que não seja de lá. E esses produtos são feitos com tanta qualidade, que se você comprar, chegar em casa, tirar do pacote e o pegar, facilmente alguma peça irá se soltar em instantes. Fora que a exploração e a mão de obra barata da China são absurdas, onde os operários trabalham pelo menos 15 horas por dia, a poucos centímetros um dos outros.
Lembra-se do início da era do celular? Os tijolões da Nokia, da Motorola, que poderiam levar um tiro e estarem em perfeitas condições? Pois... o que podemos falar dos poderosos smartphones que se esbarrar em algum lugar já trinca ou quebra a tela, ou então chega um momento que sua "vida útil" se torna inútil, parecendo que somente o uso o desgasta?
Pois é, nem tudo é perfeito, até a tecnologia foi feita pra não durar. E que lucros daríamos aos fabricantes se comprássemos um smartphone e ele durasse por décadas? Assim é em praticamente todos os produtos, feitos pra estragar, feitos pra não durar.
E o que dizer da indústria alimentícia? Decaindo a qualidade a cada ano, cada vez mais artificial, mais sem sabor. O salgadinho de milho, que nada tem de milho; a então famosa Pipoteca na minha região que tem gosto de "isopor com sal"; sucos com 0,0005% de poupa de fruta, ou totalmente artificial; carnes à vácuo; congelados com inúmeros conservantes, etc. Sabor de produção em massa.
Às vezes parece que é uma rua sem saída, que não podemos fugir, uma hora ou outra ela nos acha. E é uma coisa muito complicada de escapar, pois já faz parte da sociedade, e se você não fugir pra uma caverna nas colinas e viver só de refeição saudável, realmente saudável, vai ter longos anos de sofrimento pra adaptar-se a essa vida, nessa sociedade doentia.
Além da indústria, temos muuuuito tristemente, a cultura em massa. Aí você pensa: poxa, a arte, a música, o teatro, o cinema, sendo padronizado pela indústria cultural, algo que é unicamente personalizado e único de cada artista. E as pessoas engolem isso como se fosse o arroz com feijão do almoço! (Não menosprezando o arroz com feijão, mas no sentido de ser um hábito).
Pense nesses filmes clichês de Hollywood: casal romântico que acidentalmente se encontra, se apaixonam, um ou outro deve largar de algo ou alguem pra ficarem juntos, ficam juntos, brigam, mas no final sempre dá certo, final feliz, fim. Socooorro! E o pior de tudo é que tem muita gente que gosta, e alienadamente acredita que é o único estilo bom, e que gosta.
O pior de tudo é que virou ciclo vicioso, e que envolve livros. Me perdoem os fãs de Nicolas Sparks, mas parem e pensem nas histórias dele, reparem nas capas, todas iguais com casal numa paisagem bonita, diferindo apenas de local e pessoas, e isso, pra piorar vira filme, o que acontece com todos os livros desse estilo. Cadê a originalidade e criatividade a lá J. R. R. Tolkien, J. K. Rowling, e George R. R. Martin? Pois, terminou no último, que felizmente continua sua saga até os dias atuais.
Falando nele, o criador das Crônicas de Gelo e Fogo, como fã assídua de suas obras, não poderia deixar de citar a famosa série que se seguiu à saga, Game Of Thrones. Acredito que a HBO, canal que produz a série caprichou em atores, figurinos, cenários e efeitos visuais. Mas com o sucesso eminente, e alguns chegam a dizer que é "modinha", a série passou a frente da saga, esta então não chegou ao fim.
A indústria quer lucro, óbvio, e os livros não deixam de ser produtos. Mas como escritor, e escritor ótimo, a criatividade não tem prazo, é impossível dar um prazo pra uma pessoa dessas fazer o que faz com qualidade, é uma extensa muralha de bloqueio de criatividade. E o que a HBO fez? Continuar a série inventando seu próprio desfecho, o que me dá agonia interna, e imagino que o escritor sofre muito mais ao ver o desfecho deles.
Infelizmente os livros são cópias um dos outros, história parecida, mas modo de conduzir diferente de cada autor. E que disso dependerá a aceitação de leitores mais críticos. Infelizmente é uma decadência literária.
Como pseudo-cinéfila de filmes e séries, tento buscar filmes antigos ou atuais, com histórias interessantes, que valem a pena as horas de computador ligado pra baixar o Torrent e as horas em frente à TV, porque nada mais triste que passar por todo esse tempo e o filme ser uma verdadeira merda.
Infelizmente não tem o que fazer pra reverter essa "vida em massa", a não ser que venha um filósofo revolucionador que reverta a situação. Mas enquanto ele não vem, ou enquanto nosso salvador não nasce, recomento buscar conteúdo. E isso não significa preço, pois há muita coisa em sebo, muita coisa usada, barata, com conteúdo e algo que a gente realmente gosta, a exemplo disso dowloads gratuitos, que são uma benção pra nós meros mortais proletariados.
E recomendo um olhar crítico, rejeitar mesmo o que não gosta, agradar os outros não agradando a si mesmo é um suicídio doloroso, você acaba se tornando igual, retirando tudo da essência que você se tornou ao longo do tempo. Seja chato, mas seja um chato feliz (mentyra, não seja tão chato tipo o Sheldon do TBBT, porque aí ninguém aguenta você). Beijos e até a próxima pessoal!