segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Melhorar para apoiar ou apoiar para melhorar?

 Setembro, mês em que os adoráveis ipês florescem, e a primavera surge. Se é intencional à referência ao ipê amarelo no que se refere ao Setembro Amarelo (mês em que há campanha de conscientização e combate ao suicídio), há indícios, mas não encontrei nenhuma fonte que confirmasse (adoraria a ajuda de vocês amigos leitores, se assim encontrassem ou souberem).

  Enfim, o início dessa campanha no Brasil é recente, data de 2014, e por ser considerado um tabu recebeu sua atenção devida para conscientização como o é outras doenças. Pelos índices, há uma estimativa de que 32 brasileiros por dia morrem pelo ato do suicídio. Aí a gente se pergunta: por que um mal que faz tantas vítimas por dia é um tabu e não foi feito campanha anteriormente?

  Ora, eis um mal que age silenciosamente em suas vítimas. Por mais dolorosa que seja essa dor, ela age sorrateiramente, enganando suas vítimas e dizendo-as que é um mal necessário, que é a única via para apartar a dor. Como diria o autor Augusto Cury: "Quando uma pessoa pensa em suicídio, ela quer matar a dor, mas nunca a vida". E ela é a consequência de várias causas, principalmente esquizofrenia, transtorno bipolar, dependência química, alcoolismo e depressão.

  Eu diria que para chegar a cometer tal ato é um tanto de coragem para acabar com a própria vida; não deixa de ser um ato egoísta, pois a pessoa pensa em acabar com a sua, exclusivamente sua dor, talvez nunca pensando que poderá ser a causa de dor para seus próximos; talvez delírio; mas principalmente a falta de apoio de próximos para com a sua dor.

   Independente da doença que citei algumas linhas acima, todas devem ser medicadas e seguidas de tratamento psicológico. Não é engraçado (por maior que seja) o tiozinho bebaço com sua monark vermelha aos tropeços na rua e depois caindo; a pessoa delirar com atos e pessoas imaginárias achando que em seu subconsciente são reais; a pessoa ter fases maníacas e depressivas convivendo e em transe dentro de si; o moço fingir estar feliz socialmente, mas quando está sozinho ruir em pensamentos e seu corpo sofrer com sua falta de prazer pela vida.

  Todos são distúrbios ou doenças, temporárias ou não, e sérias, que merecem nossa atenção e cuidado, principalmente quando um ente ou amigo querido está em tais condições. Não é fácil para alguém admitir que tem tal monstrinho impregnado em si, e pior ainda, aceitar um tratamento, e pior ainda (multiplicado por 10 vezes) continuá-lo e sair vitorioso dessa.

  Tudo porque realmente são tabus, em que os quais a sociedade rejeita, ou sendo tabu, aceita (acho que cêis entenderam). Ninguém quer ter um amigo alcoólatra dando vexame em festa e depois ter que cuidar do miseráve; o patrão não quer um empregado triste, depressivo, pois isso não atrai clientela, etc. Tudo porque a sociedade não sabe lidar, e o pior, não está pronta pra lidar com isso!

  10 dedos, 5 em ambas as mãos (estou generalizando), e o que é o mais usado é o indicador, o famoso dedo "julgador". Porque você fez isso e não aquilo; tá assim por que quer; vai dar uma volta que melhora; para com isso, só faz a gente passar vergonha, etc, etc. E o mais lindo gesto de acolher, abraçar, apoiar? Na maioria das vezes, a sociedade esquece que as mãos também servem pra isso.

  É o maldito preconceito enraizado na sociedade, e infelizmente está em cada canto em que a pessoa sofre de distúrbio ou doença, enfrenta. E o mais doloroso vêm dos que mais gostamos: amigos próximos e familiares. Só digo uma coisa: quando seus amigos e/ou parceiro romântico não entendem o que você sofre, não querem te apoiar para enfrentar essa, o famoso: tchau e bença. Sim, isso mesmo, você não precisa alimentar-se de relações sem reciprocidade, e pior ainda, quando não o auxiliam em dificuldades. Mas e quando se trata de familiares? Não da pra se desfazer... 

   Isso é uma das principais causas do alongamento do distúrbio ou doença que vêm a causar suicídio, a falta de apoio. Pois de que adianta a pessoa tomar seus medicamentos corretos, consultar regularmente psicólogos, seguir à risca o tratamento, se em casa a coisa não muda? Como por exemplo o alcoólatra, semanas sem por um gole de álcool no organismo, e chega em casa seu filho rodeado de cerveja e as oferece? É como se a pessoa fosse ir ao tratamento, deixasse o monstrinho em casa, e voltar à ele, como se nada tivesse acontecido, e eis que o acolhe: senti sua falta, venha para sua casa, aqui é mais aconchegante.

  Quando uma pessoa se trata, todos o seu redor (os mais próximos) devem se tratar também. Amar envolve cuidado e atenção, independente da relação, e como eu disse anteriormente, se não há tais sentimentos, deixe-os. É difícil alguém aceitar seu erro, e principalmente oferecer ajuda, mas também de nada adianta se você não está disposto a se abrir, a dar uma chance para com alguém que se preocupa com você.

  Se você se sente sozinho, não tem amigos e os únicos próximos à você são pessoas que não entendem, peço paciência. O seu intuito de reconhecer, e continuar o tratamento é um sinal de muita força, e não deixe que isso o esgote, encontre formas de recarregá-la e não deixe por vencido, e principalmente, continue seu tratamento. Aos poucos aparecerão pessoas verdadeiramente gentis, que se preocuparão contigo, e o apoiarão. É tudo uma questão de tempo, você pode usá-lo ao seu favor ou não.

   E se você foi o dedo julgador mencionado acima e tem alguém próximo que está sofrendo, corre lá pra dar uma ajuda, ainda há tempo, quem sabe sua ajuda é a que faltava para a pessoa não cometer  o suicídio. Preocupe-se com o próximo, toda ajuda é bem-vinda.

Fonte: www.setembroamarelo.org.br
           ondda.com
           meucérebroeexperienciasbaseadasemfatosreais.com 

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