sexta-feira, 3 de março de 2017

Ódio: o combustível vital que move a raça humana

  "Todos somos iguais, diferentes apenas na forma de ser igual" (Amindá). Igualdade e desigualdade andam de mãos dadas, impossível dizer que somos tão iguais com tantas diferenças, e impossível dizer que somos tão diferentes, com tantas semelhanças. No final somos apenas seres humanos tentando a sobrevivência. 

   Em toda a existência da humanidade as diferenças falam mais alto. Sempre houve o melhor e o pior, o opressor e o oprimido, o mais rico e o mais desfavorecido. A escravidão, talvez o início dessa desigualdade, iniciou-se se não nos falhe os registros, na Pré-História por volta de 3.500 a.C., na civilização Suméria na Mesopotâmia (atual Iraque), e foi se expandindo de acordo com o crescimento do comércio.

   O tratamento e a forma de ser um escravo variava muito de acordo com os povos. No Egito Antigo, por exemplo, uma pessoa podia se vender como escravo em forma de trabalho forçado afim de pagar suas dívidas, também podia ser escravo apenas por nascer de um escravo e/ou punição por algo ilícito, e todos no final, levavam a vida semelhante a de um servo.

   Apesar de tal diferença ser abolida à muitos anos atrás, ainda há muitos resquícios em lugares, não somente em áreas rurais, mas em áreas urbanas também, como por exemplo asiáticos (na sua maioria chineses) em fábricas. Seria uma espécie de trabalho forçado e muito mal remunerado, como muitos definem, mas nada mais é uma espécie de escravidão contemporânea. Muitas vezes a insegurança, o medo, a impotência, a desinformação e a necessidade desse trabalho impedem uma suposta revolta de tais trabalhadores. E aí essa escravidão contemporânea está longe de se extinguir.

   Quando você pensa em escravidão, a primeira coisa que vêm à cabeça com certeza é trabalho escravo negro. Há muito tempo num mundo não globalizado, viagens e informações de outros países e principalmente continentes, eram coisas apenas de viajantes, comerciantes e estudiosos mais cultos. Naquela época, muitas pessoas na Europa e na América não conheceriam um negro não fosse o trabalho de escravos vindo da África.
 
   Se você notar na quantidade de negros pelo mundo, verá que os países com elevado contingente desta raça foram os que tiveram o episódio de escravidão de negros africanos. É uma espécie de imigração forçada. E mesmo sendo a maioria, como o é no Brasil (segundo a IBGE, em 2015 os negros representavam 53,6% da população), aquela historinha do negro ser inferior ainda permeia as cabecinhas humanas, e infelizmente a história que leva a tal infeliz ideologia é impossível de se apagar.

   Não bastasse esse certo ódio pelos negros, séculos após, lá vem Hitler com o Partido Nazista expandindo a história da raça ariana pura  (que teve sua origem com o diplomata e escritor francês Arthur de Gobineu [1806-1882] que acreditava que os povos europeus de raça pura branca eram descendentes do antigo povo ariano palavra qual significava "nobre") num misto de antissemitismo que desembocou no maior genocídio da história.

   Para Hitler, existiam apenas três raças: as "fundadoras" ou superiores qual era o povo germânico, as "depositárias" que era o povo eslavo e as "destruidoras" ou inferiores, que tinha exemplo o povo judeu.  Mas porque Zeus, esse ódio contra o povo judeu? Voltando ao antissemitismo (ódio aos judeus como nação) adivinhem só qual ditador aliado a qual partido remexeram as cinzas desse ódio...
 
   O antissemitismo vem de épocas... lá da Antiguidade. Algumas seitas esotéricas julgavam a religião judaica como a religião do capiroto, e os judeus como propagadores de tal capirotagem, o qual iniciou-se a crença dualista do Bem e do Mal. Mais além na Idade Média, os nossos queridos cristãos adoraram essa ideia cabreira e condenavam os judeus à servidão perpétua dentre outras coisas, propagando uma ideologia demonizadora que culpou o judaísmo pela morte de Cristo (Jesus, que era judeu... pera aí que bugou). Pasmem...não para por aí! Além de judeus, foram mortos também ciganos, poloneses, comunistas. homossexuais, prisioneiros de guerra soviéticos, testemunhas de Jeová, deficientes físicos e mentais.

   E... puta que pariu! O cara desenterrou tudo isso, ligou os postos, planejou, e esquematizou o negócio antes mesmo do início da 2° Guerra Mundial, e como grande ditador de ótima retórica conquistou muito mais membros do que já havia no partido, e claro, propagou esse ódio no mundo todo.
 
   A bela desculpa para a política de extermínio dos judeus e de povos não-arianos que até foram feitos experimentos por médicos e cientistas nazistas em macacos e arianos, comparando medidas às "raças comuns" no qual atualmente, cientistas desmentem essa teoria de raça ariana superior, ou seja,  não passa de historinha pra boi dormir.

   Décadas se passaram, e o ódio vai criando proporções e expansões diferentes. Por volta de 1999 foi criado um grupo militante chamado Tawhid qal-Jihad no Iraque, que começou com ataques suicidas contra mesquitas islâmicas xiitas, contra civis, instituições do governo iraquiano e soldados italianos que eram liderados pelos EUA, depois tornou-se o al-Qaeda do Iraque, e enfim Estado Islâmico (sementinha do ódio germinando em solo infértil).

   Em 2014 acharam o suposto sucessor de Maomé, o então califa Abu Bark Al-Baghdadi. Agora, mais fortes do que nunca, ampliam seu território, suas leis de decapitação de inimigos, pena de morte a homossexuais, violência generalizada a muçulmanos xiitas e não-islâmicos intitulados como "infiéis" além é claro, de querer supostamente dominar o mundo, pois só Alá é o verdadeiro e único deus.

   No mesmo ano, Barack Obama anunciou a reunião de 60 países para bombardear os territórios do EI, o qual só os EUA realizou ataques aéreos. Atualmente, já autorizada a construção do imponente muro México-EUA que já existe mas que irá ser fortificada e virá até a ser "impenetrável", é uma superficial desculpa para a não entrada da "escória mexicana" segundo os americanos, mas nada mais é do que uma tentativa de barragem para imigrantes, principalmente terroristas.

   Deuses, o mundo sendo dividido e a volta da raça superior, mais voltada à Revolução dos Bichos "Todos os animais são iguais, mais alguns são mais iguais que os outros", eis a semente do ódio já crescendo em solo Norte-americano.

  É uma futura-próxima derradeira separação mundial, enquanto territórios são aterrorizadamente expandidos pelos membros do EI. É a bomba relógio tiquetaqueando e talvez até com data de explodir. Ódio que gerou ódio, em um mundo movido à ódio.

   É impossível, depois dessa Retrospectiva do Ódio, não achar que o mundo não vai acabar em ódio. Sempre vão achar um tipo de doença racial, religiosa, étnica, etc; para fomentar o combustível vital da raça humana.

   É impossível predizer o quanto desse ódio será visto e acompanhado pelos que estão vivos hoje. Mas uma coisa é certa: o fim está próximo, meus amigos, está tão próximo que chega a sussurrar em nossos ouvidos. Sussurra palavras de ódio e diferença doentia em um mundo que deveria ser unido pela diferença e que deveria viver a agora tão fantasiosa e irreal paz.

   Por fim, mas não menos importante, uma poesia que fiz inspirada no ódio pelo ódio das pessoas que tem ódio, ou melhor, enquanto pensava nesse texto:

Maldito ser humano
Quem és tu
para ser movido a ódio
e sentimentos mundanos?

Quem és tu
para incriminar o negro,
escravizá-lo
e jogá-lo à esmo?

Quem és tu
para queimar judeus,
pessoas que tiveram os
mesmos sonhos que os seus?

Quem és tu
para massacrar homossexuais,
dizendo que eles não têm
direitos iguais?

Quem és tu
para impedir a entrada de imigrantes
e incriminá-los simplesmente,
no mesmo instante?

Tu és um ser repugnante.
Se esconde de boas intenções, amor,
mas não sobrevive
sem seu ódio errante.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Educação familiar: evolução ou regressão?

   Nasceu um monstrinho humano, ou melhor, o cuti cuti coisa fofa da mamãe. Até os primeiros meses de vida, seu cuidado não é uma tarefa tão complicada, visto que seu cérebro ainda não evoluiu completamente, e seus instintos são bem animais: comer, dormir e defecar.

    Logo o filhote de humano aprende suas primeiras palavras e consegue dar seus primeiros passos, o que é um grande passo na sua evolução como indivíduo. Mas esse serzinho é muito esperto, observador e curioso. Enquanto você faz algo, você não percebe que está sendo observado lá de baixo, isso mesmo, o indefeso bebê está juntando aos poucos as peças pra tentar entender o lugar em que foi inserido e as pessoas ao seu redor.

   Ele aprende desde cedo que chorar consegue algo, mas o que de início era linguagem "bebezal" para avisar que está com fome ou qualquer outra coisa, evolui a uma chantagem emocional. Você pode ver isso diariamente, mesmo não convivendo com crianças pequenas, em estabelecimentos comerciais. 

   Pais e criança vão a uma loja de brinquedos e os pais pedem que a criança escolha o brinquedo mais barato, mas como o mais barato não é o mais legal, ele escolhe um dos mais caros. Como de praxe, eles tentam convencer o serzinho a escolher outro, e como de praxe também, sua engrenagem vai funcionando e apela ao choro escandalosamente irritável e ensurdecedor, que de imediato convence os pais a levar o maldito brinquedo.

   "No meeeeu tempo", como diriam nossos familiares mais velhos, era diferente. Meus pais não tinham condições de comprar brinquedos mais caros, e raramente eu escolhia, ganhava e pronto. Não havia chororô e depois ganhar o que queria, a gente chorava e ficava com as malditas das "bichas", e no pior dos casos, iria numa curandeira pra benzer, aqui era na falecida Tiloca. Chega a ser engraçado o que o Capitalismo fazia (e ainda fazem) com a gente.

   Hoje, ainda bem que as coisas evoluíram (de um certo modo), os brinquedos tem valores mais acessíveis, e as crianças têm mais liberdade, principalmente de escolha. Mas como um dedo leva ao braço, as crianças querem sempre mais, e se acabar cedendo, elas viram o centro do Universo em uma instituição familiar.

   Anos atrás, a gente tinha mesmo uma educação mais rudimentar, mais bruta, principalmente no interior e cidades do interior. Isso se deve porque as pessoas já vieram com essa educação, não tinham conhecimento do que é o melhor e também não buscavam-o, acreditavam ser por assim, certa e ideal. A raiva de uma criança fazer algo errado não era bem aproveitada e simplesmente era transformada em alimento pra diversos objetos: chinelo, vara, tamanco, cinta, etc; que voavam, ganhavam força espetacular, desencadeando vários ferimentos no humanozinho.

   Até hoje, muita gente diz que foi educada nessa base, e alguns tem a coragem de dizer que se não fossem educados dessa forma, estariam como muitos coleguinhas de infância estão no dia de hoje: envolvido em drogas, violência e/ou roubo, e pior ainda, dizem que educam seus filhos da mesma forma. Dias atrás, soube de um pai que bateu, não, surrou no seu filho de apenas 3 anos com uma corda porque ele estava batendo e incomodando sua irmãzinha de 7 anos. Por favor, né!

   Antes de saber o que houve, principalmente em briga de irmãos, os pais incriminam o mais provável "criminosinho".  Duas pessoas, dois lados, se houve briga é provável que os dois estejam errados, não?! Mas como violência não é sinônimo de justiça, segue-se o jogo.

    O problema, caros leitores, é que tal educação de regressão é prejudicial, pois a criança aprende que algo é errado na base do medo e não do raciocínio, de saber o que é certo e o que é errado. Além disso, cria uma barreira no vínculo pais/criança, pois a inferioriza e de certa forma a humilha. 

    Acompanhei uma situação em que um pai estava com sua filha de aproximadamente 6 anos, e ela estava de certa forma hiperativa, além de não obedecer seu pai. Ele parou, conversou com ela reprendendo-a pela atitude, e ela chorou, mas silenciosamente, e ficou triste por um certo momento. Mas logo depois, se acalmou e voltou a sua expressão de antes e interagir normalmente com seu pai. O que não ocorreria no caso de uma "surra".

    Em 2014 foi aprovada a PL 7.672/2010, com o nome de Lei Menino Bernardo, popularmente conhecida como Lei da Palmada. A então lei, foi muito discutida e houve muitas controvérsias quanto a sua promulgação, muitos pais achavam-a ridículas, e ignorantemente acreditavam que se apenas dessem um tapa na criança a lei já seria aplicada. Mas, especificamente em seu texto, está descrito que os pais ou responsáveis só serão punidos se infligirem sofrimento físico à criança ou adolescente até os 18 anos de idade. 

    Eu acho um absurdo a Justiça ter que intervir em casos como esses, onde os pais não têm a capacidade de educar uma criança decentemente, mas... pelo menos há uma intervenção, que espero ser eficaz. Apelar pela violência é algo ridículo, mas infelizmente é natural da índole irracional do ser humano. Para mim, é totalmente injusto inserir violência na educação de uma criança (nem que seja um tapa qualquer) somente por ser responsável por ela, e consequentemente superior, é uma regressão.

    Infelizmente vejo principalmente extremos: ou educa a criança na base da violência e ele fica "calminha, obediente" ou não faz nada e cria um reizinho insuportável. Poucos são os casos em que educa-se a criança de forma evolutiva e pacífica, onde a criança é sem dúvidas um exemplo de criança.

   Idolatrar uma criança como se fosse rei também um grande erro, porque além de controle da dela sobre os pais, esse ser cresce insuportavelmente mimado, mendigo de atenção e em muitos casos, dramáticos. E é horrível conviver com adultos assim, pois não aceitam a perda e não sabem lidar com ela, querem sempre atenção e fazem caso por nada. Alguns casos são mais cruéis, o serzinho se acha o centro do Universo (às vezes inclui alguém nele), e não preocupa-se com os outros, pois no mundinho dele só ele (ou mais alguém) existe e importa.

   Por isso caros leitores, busquem o melhor para sua criança ou futura criança, pensem não somente no agora, mas principalmente no futuro. As consequências são visíveis em todas as escolhas, temos muitas crianças adquirindo transtornos mentais principalmente em decorrência da má educação recebida. Hoje o futuro está nas nossas mãos, mas depois, estará nas deles. Vamos evoluir?

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Vida em massa

   1914: o ano que toda essa massa começou. Foi nesse ano, que Henry Ford criou o termo Fordismo para referir-se aos sistemas de produção em massa. Esse sistema baseava-se na produção capitalista, onde de um lado havia a produção em massa, e no outro, o consumo em massa, que foi utilizado na então tão conhecida Ford Motor Company, empresa qual era fundador.

   Foi a partir daí que houve a popularização do automóvel, qual objetivo era tornar o automóvel tão barato a ponto que todos pudessem comprá-lo. Mas com isso houve a mecanização do trabalho humano, tornando-o operacional, no qual o trabalhador não precisava ter uma ideia geral do que estava sendo produzido, pois seu trabalho baseava-se em apenas uma etapa da fabricação produto.
   
  Essa ignorância do trabalhador, podemos caracterizá-la como razão instrumental. Tal conceito caracteriza-se pela razão tornar-se um instrumento, algo operacional, opondo-se a razão crítica, onde o trabalhador sabe como fazer, mas não sabe o porquê de o fazer. Termo este designado pelo então filósofo Max Horkheimer na Escola de Frankfurt, algumas décadas após o início do Fordismo.

   Devido a crise do sistema de Henry Ford na década de 70, surgiu então o modelo Toyotismo, que visava a qualidade total em todas as etapas do processo produtivo, onde os empregados eram especializados em todas as tarefas, tendo um conhecimento mais amplo sobre o processo de produção, além de participação nas decisões tomadas pelos superiores. E ao contrário do Fordismo que produzia grandes quantidades e formava grandes estoques, o Toyotismo visava a demanda do mercado evitando o desperdício, e de ter produtos estocados afetados pela queda da demanda.

   Apesar do primeiro sistema ser ultrapassado pelo segundo, ainda o vemos nos dias atuais. Como por exemplo, produtos Made in China. Dificilmente você vai achar um produto feito de plástico com valor acessível que não seja de lá. E esses produtos são feitos com tanta qualidade, que se você comprar, chegar em casa, tirar do pacote e o pegar, facilmente alguma peça irá se soltar em instantes. Fora que a exploração e a mão de obra barata da China são absurdas, onde os operários trabalham pelo menos 15 horas por dia, a poucos centímetros um dos outros.

   Lembra-se do início da era do celular? Os tijolões da Nokia, da Motorola, que poderiam levar um tiro e estarem em perfeitas condições? Pois... o que podemos falar dos poderosos smartphones que se esbarrar em algum lugar já trinca ou quebra a tela, ou então chega um momento que sua "vida útil" se torna inútil, parecendo que somente o uso o desgasta?

   Pois é, nem tudo é perfeito, até a tecnologia foi feita pra não durar. E que lucros daríamos aos fabricantes se comprássemos um smartphone e ele durasse por décadas? Assim é em praticamente todos os produtos, feitos pra estragar, feitos pra não durar.

  E o que dizer da indústria alimentícia? Decaindo a qualidade a cada ano, cada vez mais artificial, mais sem sabor. O salgadinho de milho, que nada tem de milho; a então famosa Pipoteca na minha região que tem gosto de "isopor com sal"; sucos com 0,0005% de poupa de fruta, ou totalmente artificial; carnes à vácuo; congelados com inúmeros conservantes, etc. Sabor de produção em massa.

   Às vezes parece que é uma rua sem saída, que não podemos fugir, uma hora ou outra ela nos acha. E é uma coisa muito complicada de escapar, pois já faz parte da sociedade, e se você não fugir pra uma caverna nas colinas e viver só de refeição saudável, realmente saudável, vai ter longos anos de sofrimento pra adaptar-se a essa vida, nessa sociedade doentia.

   Além da indústria, temos muuuuito tristemente, a cultura em massa. Aí você pensa: poxa, a arte, a música, o teatro, o cinema, sendo padronizado pela indústria cultural, algo que é unicamente personalizado e único de cada artista. E as pessoas engolem isso como se fosse o arroz com feijão do almoço! (Não menosprezando o arroz com feijão, mas no sentido de ser um hábito).

   Pense nesses filmes clichês de Hollywood: casal romântico que acidentalmente se encontra, se apaixonam, um ou outro deve largar de algo ou alguem pra ficarem juntos, ficam juntos, brigam, mas no final sempre dá certo, final feliz, fim. Socooorro! E o pior de tudo é que tem muita gente que gosta, e alienadamente acredita que é o único estilo bom, e que gosta.

   O pior de tudo é que virou ciclo vicioso, e que envolve livros. Me perdoem os fãs de Nicolas Sparks, mas parem e pensem nas histórias dele, reparem nas capas, todas iguais com casal numa paisagem bonita, diferindo apenas de local e pessoas, e isso, pra piorar vira filme, o que acontece com todos os livros desse estilo. Cadê a originalidade e criatividade a lá  J. R. R. Tolkien, J. K. Rowling, e George R. R. Martin? Pois, terminou no último, que felizmente continua sua saga até os dias atuais. 

   Falando nele, o criador das Crônicas de Gelo e Fogo, como fã assídua de suas obras, não poderia deixar de citar a famosa série que se seguiu à saga, Game Of Thrones. Acredito que a HBO, canal que produz a série caprichou em atores, figurinos, cenários e efeitos visuais. Mas com o sucesso eminente, e alguns chegam a dizer que é "modinha", a série passou a frente da saga, esta então não chegou ao fim. 

   A indústria quer lucro, óbvio, e os livros não deixam de ser produtos. Mas como escritor, e escritor ótimo, a criatividade não tem prazo, é impossível dar um prazo pra uma pessoa dessas fazer o que faz com qualidade, é uma extensa muralha de bloqueio de criatividade. E o que a HBO fez? Continuar a série inventando seu próprio desfecho, o que me dá agonia interna, e imagino que o escritor sofre muito mais ao ver o desfecho deles.

    Infelizmente os livros são cópias um dos outros, história parecida, mas modo de conduzir diferente de cada autor. E que disso dependerá a aceitação de leitores mais críticos. Infelizmente é uma decadência literária.

  Como pseudo-cinéfila de filmes e séries, tento buscar filmes antigos ou atuais, com histórias interessantes, que valem a pena as horas de computador ligado pra baixar o Torrent e as horas em frente à TV, porque nada mais triste que passar por todo esse tempo e o filme ser uma verdadeira merda.

    Infelizmente não tem o que fazer pra reverter essa "vida em massa", a não ser que venha um filósofo revolucionador que reverta a situação. Mas enquanto ele não vem, ou enquanto nosso salvador não nasce, recomento buscar conteúdo. E isso não significa preço, pois há muita coisa em sebo, muita coisa usada, barata, com conteúdo e algo que a gente realmente gosta, a exemplo disso dowloads gratuitos, que são uma benção pra nós meros mortais proletariados.

     E recomendo um olhar crítico, rejeitar mesmo o que não gosta, agradar os outros não agradando a si mesmo é um suicídio doloroso, você acaba se tornando igual, retirando tudo da essência que você se tornou ao longo do tempo. Seja chato, mas seja um chato feliz (mentyra, não seja tão chato tipo o Sheldon do TBBT, porque aí ninguém aguenta você). Beijos e até a próxima pessoal!



sexta-feira, 21 de outubro de 2016

E depois dos 20?

  Depois dos 20,  a época adorável em que já passamos da fase de irritável rebelde adolescente, e jovem conquistador de direitos e liberdade. É a época do "e agora"!?
 
  Atualmente, essa época é de muita cobrança por parte dos pais para com seus filhos. Pois a maioria em que esta entre os 20-30 anos ainda mora com os pais, depende de uma parte da ajuda deles, não são casados e não tem filhos. É claro que um filho nessa faixa etária da uma despesa enorme para os pais, ainda mais se não trabalha e sequer frequenta uma instituição de ensino.

  Mas ter a "vida ganha" nos dias atuais, não é algo tão simples, ainda mais situações em que o país enfrenta grave e longa crise financeira. Na minha idade, minha mãe já era casada, e tinha dois filhos. Escolha ou não, foi algo muito predominante na geração anterior, principalmente em famílias mais humildes, composta por 6, 8, 10, filhos. É claro que a família vai à falência nessas situações, e o filho se vê obrigado a casar para melhorar de vida.

  Hoje, nossa geração pensa diferente. Casar, após longos anos de namoro, e filhos, talvez 1... no máximo dois, após anos de casado. Hoje temos mais oportunidades e liberdade de escolha. Antes o que era um martírio estudar em uma instituição de ensino superior, hoje é facilmente conquistado através bolsas de ensino, e financiamentos pelo governo.

  Mas assim como várias coisas na vida, as escolhas não dão certo. Seja um namoro de anos, ou a própria escolha do curso superior. Temos mais liberdade de escolha, e isso nos tornou mais críticos, mas não em sentido ruim, ao contrário, queremos que nossas escolhas sejam certas para não sofrermos depois.

   E através dessa liberdade de escolha é que nos vemos diante de algumas (ou não) escolhas que algumas pessoas fazem como ter filhos e casar. Confesso que eu vejo a idade de até os 25 sendo como imatura e não necessária para essas coisas, e sempre que vejo alguém diante delas, me assusto um pouco. Mas é uma questão muito pessoal.

  Além de não ter a oportunidade dos jovens de hoje, os de antigamente, principalmente as mulheres, se sentiam incapacitadas e muitas vezes impossibilitada de fazer um curso superior por conta da maternidade ou do marido ciumento (sim, essa merda nesse nível existia) que não gostava sequer que a esposa saísse de casa. Atualmente, há muitas opções para as mamães, como a creche pública, onde o bebê pode ser deixado desde os 2 anos de idade para cuidados especiais, e babás já não são artigo de luxo como o eram antigamente.

  Pela escolha da faculdade, a maioria dos jovens se vê incapacitado à trabalhos em longa carga horária e que exigem muito esforço, pois a faculdade em si cobra muito do acadêmico, e os dias que podiam ser de descanso, são de stress e muito estudo. E o estudante se vê diante de duas escolhas: ou continuar com o emprego desgastante que paga bem, ou continuar com a faculdade e tentar estágios que são mais acessíveis mas não pagam bem.

   E diante deste stress e gasto sem muito retorno, ninguém tem dinheiro necessário e tempo pra juntar e comprar uma casa, muito menos sustentar filhos. É uma escolha difícil, mas que logo traz uma recompensa maior.

  Não é fácil conviver com essas coisas diante a pais que não entendem e não viveram na sua geração. É preciso muito jogo de cintura e muita paciência, porque os tempos e as gerações, são outras. E não é preciso ser pessimista pra ver que as coisas e situações tendem a piorar.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Melhorar para apoiar ou apoiar para melhorar?

 Setembro, mês em que os adoráveis ipês florescem, e a primavera surge. Se é intencional à referência ao ipê amarelo no que se refere ao Setembro Amarelo (mês em que há campanha de conscientização e combate ao suicídio), há indícios, mas não encontrei nenhuma fonte que confirmasse (adoraria a ajuda de vocês amigos leitores, se assim encontrassem ou souberem).

  Enfim, o início dessa campanha no Brasil é recente, data de 2014, e por ser considerado um tabu recebeu sua atenção devida para conscientização como o é outras doenças. Pelos índices, há uma estimativa de que 32 brasileiros por dia morrem pelo ato do suicídio. Aí a gente se pergunta: por que um mal que faz tantas vítimas por dia é um tabu e não foi feito campanha anteriormente?

  Ora, eis um mal que age silenciosamente em suas vítimas. Por mais dolorosa que seja essa dor, ela age sorrateiramente, enganando suas vítimas e dizendo-as que é um mal necessário, que é a única via para apartar a dor. Como diria o autor Augusto Cury: "Quando uma pessoa pensa em suicídio, ela quer matar a dor, mas nunca a vida". E ela é a consequência de várias causas, principalmente esquizofrenia, transtorno bipolar, dependência química, alcoolismo e depressão.

  Eu diria que para chegar a cometer tal ato é um tanto de coragem para acabar com a própria vida; não deixa de ser um ato egoísta, pois a pessoa pensa em acabar com a sua, exclusivamente sua dor, talvez nunca pensando que poderá ser a causa de dor para seus próximos; talvez delírio; mas principalmente a falta de apoio de próximos para com a sua dor.

   Independente da doença que citei algumas linhas acima, todas devem ser medicadas e seguidas de tratamento psicológico. Não é engraçado (por maior que seja) o tiozinho bebaço com sua monark vermelha aos tropeços na rua e depois caindo; a pessoa delirar com atos e pessoas imaginárias achando que em seu subconsciente são reais; a pessoa ter fases maníacas e depressivas convivendo e em transe dentro de si; o moço fingir estar feliz socialmente, mas quando está sozinho ruir em pensamentos e seu corpo sofrer com sua falta de prazer pela vida.

  Todos são distúrbios ou doenças, temporárias ou não, e sérias, que merecem nossa atenção e cuidado, principalmente quando um ente ou amigo querido está em tais condições. Não é fácil para alguém admitir que tem tal monstrinho impregnado em si, e pior ainda, aceitar um tratamento, e pior ainda (multiplicado por 10 vezes) continuá-lo e sair vitorioso dessa.

  Tudo porque realmente são tabus, em que os quais a sociedade rejeita, ou sendo tabu, aceita (acho que cêis entenderam). Ninguém quer ter um amigo alcoólatra dando vexame em festa e depois ter que cuidar do miseráve; o patrão não quer um empregado triste, depressivo, pois isso não atrai clientela, etc. Tudo porque a sociedade não sabe lidar, e o pior, não está pronta pra lidar com isso!

  10 dedos, 5 em ambas as mãos (estou generalizando), e o que é o mais usado é o indicador, o famoso dedo "julgador". Porque você fez isso e não aquilo; tá assim por que quer; vai dar uma volta que melhora; para com isso, só faz a gente passar vergonha, etc, etc. E o mais lindo gesto de acolher, abraçar, apoiar? Na maioria das vezes, a sociedade esquece que as mãos também servem pra isso.

  É o maldito preconceito enraizado na sociedade, e infelizmente está em cada canto em que a pessoa sofre de distúrbio ou doença, enfrenta. E o mais doloroso vêm dos que mais gostamos: amigos próximos e familiares. Só digo uma coisa: quando seus amigos e/ou parceiro romântico não entendem o que você sofre, não querem te apoiar para enfrentar essa, o famoso: tchau e bença. Sim, isso mesmo, você não precisa alimentar-se de relações sem reciprocidade, e pior ainda, quando não o auxiliam em dificuldades. Mas e quando se trata de familiares? Não da pra se desfazer... 

   Isso é uma das principais causas do alongamento do distúrbio ou doença que vêm a causar suicídio, a falta de apoio. Pois de que adianta a pessoa tomar seus medicamentos corretos, consultar regularmente psicólogos, seguir à risca o tratamento, se em casa a coisa não muda? Como por exemplo o alcoólatra, semanas sem por um gole de álcool no organismo, e chega em casa seu filho rodeado de cerveja e as oferece? É como se a pessoa fosse ir ao tratamento, deixasse o monstrinho em casa, e voltar à ele, como se nada tivesse acontecido, e eis que o acolhe: senti sua falta, venha para sua casa, aqui é mais aconchegante.

  Quando uma pessoa se trata, todos o seu redor (os mais próximos) devem se tratar também. Amar envolve cuidado e atenção, independente da relação, e como eu disse anteriormente, se não há tais sentimentos, deixe-os. É difícil alguém aceitar seu erro, e principalmente oferecer ajuda, mas também de nada adianta se você não está disposto a se abrir, a dar uma chance para com alguém que se preocupa com você.

  Se você se sente sozinho, não tem amigos e os únicos próximos à você são pessoas que não entendem, peço paciência. O seu intuito de reconhecer, e continuar o tratamento é um sinal de muita força, e não deixe que isso o esgote, encontre formas de recarregá-la e não deixe por vencido, e principalmente, continue seu tratamento. Aos poucos aparecerão pessoas verdadeiramente gentis, que se preocuparão contigo, e o apoiarão. É tudo uma questão de tempo, você pode usá-lo ao seu favor ou não.

   E se você foi o dedo julgador mencionado acima e tem alguém próximo que está sofrendo, corre lá pra dar uma ajuda, ainda há tempo, quem sabe sua ajuda é a que faltava para a pessoa não cometer  o suicídio. Preocupe-se com o próximo, toda ajuda é bem-vinda.

Fonte: www.setembroamarelo.org.br
           ondda.com
           meucérebroeexperienciasbaseadasemfatosreais.com 

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Qual é a ânsia da geração ansiedade?

   Ansiedade... ta aí um mal que muito assola a humanidade nos dias atuais. Não deixa de ser outro "monstrinho" de longa data, mas que com o advento da tecnologia o assolamento é devastador.

  Quem nunca dormiu mal por conta de uma viagem bacana, sentindo-se ansioso pra chegada da hora; ou por marcar um encontro com alguém que está apaixonado, etc.? É, são coisas normais, que aquela pontadinha de ansiedade não faz mal à ninguém.

   Mas e quando ansiedade deixa de ser algo inofensivo? Pois bem, é só olhar ao se redor, pessoas quase que sugadas pelo smartphone, numa tecnologia cega de que precisa daquele vazio de uma rede social, de videos que não informam nada. É o preencher vazio com outro vazio. E isso é uma constante, você de alguma forma sente necessidade de estar com ele ali em mãos a todo momento, mas a verdade é que não precisa tanto assim.

    Praticidade e economia de uma certa forma. Quesitos que uniram grande quantidade de gadgets pra você usar em um só, que cabe na palma da sua mão, mas que quase cai do seu bolso. Posso mandar mensagem via aplicativo Whatss App conectando-se ao Wiffi até "roubartilhado" a um parente ou amigo distante, sem gastar praticamente nenhum centavo do bolso.

   Mas tanta praticidade pra algo útil, em uso frenético, torna tal objeto de certa forma, inútil. Por que?  Simples... é só ver o quanto o objeto te toma tempo ao longo do dia. O tempo que você poderia estar lendo uma matéria interessante, um capítulo de livro, conhecido pessoas bacanas, brincado com seu cachorro, procurando seu gato, regando ou até plantando uma mudinhas.

  Essa tecnologia quase cega, alavancou a ansiedade nos dias atuais, ao meu ver. Esse imediatismo de mensagens mandadas/recebidas, vídeos acelerados, informação frenética nos deixa angustiados diante à lentidão, demora de uma fila no banco, da pessoa que marca de sair e está no caminho da serpente (piadinha interna DBZ), ou até do esquecimento de algumas pessoas quanto a responderem suas mensagens. Até pros ansiosinhos de leves, corrói um pouco por dentro.

   Isso nos leva a não apreciar as coisas de forma leviana, não deixar as coisas fluírem por um estado de espírito às vezes momentâneo, louco pelo futuro (10min daqui depois).

   Fico imaginando essas pessoas mais ansiosas que não gostam da demora nem de 5min na resposta, viverem na época dos pombos, dos mensageiros, que levavam dias, semanas para entregarem a mensagem ao destino (muhahahaha -risada psicopata mental-). Que horror seria, não?!

  E cada um tem um modo de afugentar o monstrinho, ou melhor, anestesiar. Uns fumam, outros comem, tem tiques, incomodam os outros, etc. E é isso mesmo, anestesiam... porque pra quem é ansioso demais, o monstrinho apenas dá uma volta e logo esta ali pra afugentar o ser novamente.

   Sempre receio o que virá das próximas gerações. A tecnologia veio com uma nova geração, mas não atormentando somente essa geração, mas praticamente todas elas. Pergunte a um jovem entre seus 13-17 anos, o que ele faz no ócio, nas horas vagas. A maioria dirá jogar video game, assistir algo na tv aberta ou até ficar algum tempo pela internet. Raros dirão que fazem do ócio horas criativas, produtivas. Vejo por mim mesma: a diminuição de livros em comparação a 2, 3 anos atrás. E nem é a falta de tempo, muitas vezes é a disciplina e meta de sentar e dizer: hoje só paro se ler tantas páginas.

   E o maior dos problemas nem é tanto a gente não ter essa capacidade de se autodisciplinar, mas de incentivo, principalmente vindo de um adulto a uma criança. É só olhar os brinquedos que dão as crianças, o tal do carrinho e boneca. Como se não existissem jogos, brinquedos que estimulam o cérebro e raciocínio. O que dizer de livros então? E sinceramente, tais brinquedos aproximam mais a família do que um carrinho ou boneca, pois muitas vezes o objetivo do jogo é tentar encontrar o objetivo e isso entrete, tanto pais, quanto filhos.

   Mas o que fazer dos pais que não tem tempo pra eles mesmos, que cresceram sem estímulo de desenvolvimento de raciocínio quando pequenos? É uma pena, talvez a criança só se encontrará tardiamente, com um amigo nerd que o entenda.

  Para onde caminharemos então, se já temos quase tudo praticamente conquistado, e podemos conseguir o que quiser? Ah, eu tenho medo dessa resposta. Só resta acompanharmos o avanço (ou não avanço) da nossa queridíssima espécie em proliferação.

   E pra finalizar, um poema de minha autoria sobre o mesmo assunto:

Qual a ânsia da geração ansiedade?
Viver do aqui e agora
Anda, vamos logo
Que já é fim de tarde.
Querer sem percorrer
Ter sem valorizar, sem precisar.
Eles querem tudo,
Mas ao mesmo tempo nada.
Tecnologia cega,
Natureza esquecida.
Tudo para no final, nada.
Vida desmerecida.

   

sábado, 16 de julho de 2016

A posse do que você possui é sua posse?

  Diante da globalização e capitalismo em massa, nos vemos diante à mesquinhez e estupidez humana, o qual antes era tão claro, hoje, transparente.

  Acho que isso vem inicialmente da biologia do ser humano, apenas um é o espermatozoide vencedor, raras vezes dois, tão quanto, três. Na natureza animal, muitos nascem de uma só vez no ventre da fêmea, como por exemplo a gestação do gato e do cachorro, e outros diferem, dando a luz apenas um por vez, como o elefante e algumas espécies de macaco.

   Será o ser humaninho pra nascer naquele ventre quente, único e seu, alguém especial, único de cuidado e proteção? E o que nasceu antes naquele ventre ou irá vir depois, não é ou será especial também? A estadia naquele ventre o faz especial e único?

   Não acho que o ser humano não precise de cuidado e proteção, muito pelo contrário, mas às vezes as pessoas vêem outras como um ser humaninho frágil, que acabou de sair do ventre, aquele lugar aconchegante, e quando cai de cara no mundo acha que é um absurdo, como diria o grande Cazuza em uma de suas sábias canções: "Preste atenção, o mundo é um moinho, vai triturar seus sonhos tão mesquinhos".

   Será o fato de um ser nascer do seu ventre em contrapartida com outra pessoa, algo inédito, só de vocês, sua posse? Claramente muitos pais pensam dessa forma, sabem que o filho nasceu para o mundo, mas não agem como tal. Isso transparece principalmente na adolescência, quando o filho tenta libertar-se das amarras biológicas e viver sua vida.

   Não sei quanto ao homem, mas como mulher a experiência é engraçada. Quando você inicia uma vida amorosa com alguém, seu pai estranha, muito. Como pode sua querida filha, "frágil", estar namorando? Até que ponto a proteção dos pais seria proteção, e não posse?

   Seria algo parecido com uma frase famosa, mas em outro contexto: meu filho, minhas regras. Então a casa que os senhores casal típico brasileiro adquiriu vem acessoriamente um filho, o qual, sendo de vocês, o é fadado à regras? Infelizmente o é, até a longa estada naquela casa, na convivência familiar, ou até você mostrar que não é de fato, posse.

   Crescendo como posse, rodeado de mimos, cuidado e proteção, vemos aí crescer um ser humaninho horripilante, mesquinho, estúpido e que não sabe caminhar com os próprios pés. Cego diante de tanta luz da realidade, e morrendo de frio diante à distância do aconchego maternal, o ser busca obcecadamente outro ser que lhe dê todo o aconchego e proteção, que por ora não o mais recebe.

   Vendo aquele ser frágil e pequenino, o outro ser vê tão logo a necessidade de cuidá-lo, e a empatia é tão logo percebida que um torna-se posse do outro. É o típico: você é meu, e faz o que mando; você é o meu mundo, eu sou o seu, e o resto não importa.

  Pera aíííí! Cooomo assim o resto não importa? E o planeta Terra onde entra? E os seus outros coleguinhas ser humaninhos? Infelizmente é assim para os ser humaninhos horripilantes e mesquinhos que nasceram como o centro do Universo. E pra piorar, é um círculo vicioso, que só vai parar com a geração que tiver consciência de que aquilo é um mal horrendo à ele e principalmente à espécie.

    Fadado de mimos o ser humaninho é egoísta, o que é seu é seu, e ninguém mexe. Dividir? Balela! Ganhei as coisas só pra mim, não vou dividir com ninguém. Tive atenção só para mim, não vou dividir com ninguém.

  E assim a orla de mesquinhez só cresce. Possuindo muito sem valorizar, há desperdício, e consequentemente falta para muitos. A desigualdade social é um grande mal do sé. XXI, e isso seria a culpa do sistema o qual somos fadados a viver? Ou culpa no próprio ser humano que o segue cegamente e não vê o outro que precisa do pouco como semelhante?

   Você já parou pra pensar e analisar o que e o quanto de fato é seu, materialmente falando? E o quanto disso tem valor sentimental pra você? Você ja não tem o bastante, já não tem o suficiente? Por que mais, para impressionar alguém, para se sentir melhor, ou simplesmente ter?

   Já percebeu que tão logo você não possuir mais suas coisas, tem alguém ali ansiando por tê-las? Já percebeu que por apenas um curto espaço de tempo as coisas as quais você tem serão sua posse? É, nem tudo é seu, até sua curta estadia na Terra acabar, meu caro.

   O consumismo é um circulo vicioso. Quando você trabalha, após comprar o que de fato necessita, sobra para comprar o que você não precisa. Muitos se entopem de roupas, outros de automóveis caros, são obcecados por coisas que na realidade não representam nenhum valor sentimental e que geram lixo, tão logo se deteriorarão.

  Você não parou pra pensar que ao invés de gastar com coisas supérfluas e sem sentido, poderia gastar seu tempo e dinheiro com algo que faça sentido, como por exemplo um jardim, um instrumento musical? Investir em você, não em coisas que não o façam feliz,

   O possuir, o ter, o egoismo, a mesquinhez. O quão isso torna a pessoa horrenda! E as pessoas que mais tem esses defeitos, são as mais complicadas de lidar, pois enquanto você está passando por um momento difícil, ela vai pensar primeiramente nos seus minúsculos problemas, e ao achá-los grandes ao seu ver, esquece que o do outro é bem maior.

   Gentileza gera gentileza, já o dizia o poeta Gentileza. Mas não é tão fácil assim na prática. Gentileza é por si só um ato, que não precisamos de gratidão na palavra ou em objetos, ela está no sorriso da pessoa que o recebeu, no brilho de seus olhos, na diferença que fez naquele momento.

   E às vezes como boas pessoas acabamos por ser gentis com pessoas que não precisam, que estão literalmente cagando pelo seu ato. Mas por que não precisam? Ora, seu ato será tão supérfluo, e investido de nenhum sentimento, que a pessoa não é capaz de ver com bons olhos, o ignora e devolve o dobro em "ingentileza". Seu umbigo é tão grande que não dá para enxergar o outro.
 
   Infelizmente acontece tanto, que ao nos depararmos com pessoas gentilezas, atos gentis, é de tamanha a surpresa que chegamos a estacionar no tempo para processar o acontecimento. O fato de gentileza ser algo raro, meu caro, dói em admitir.

    Mas cá estamos, vamos ver onde tudo isso vai dar.