segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Aonde foi parar a cor que esteve aqui?

   Caminho pelas ruas e observo o céu: cinza e frio, com nuvens amontoadas indicando possível chuva. Reparo no chão e vejo um tom de cinza mais escuro ainda. Olho para os lados, observo as casas, e eis que vejo cores distintas, mas não variam mais do que cinza, branco, e bege.Vejo carros, pessoas, e é sempre igual, a mesma monotonia de cores, rareando entre um vermelho ou azul tímido, o qual não quer se fazer notar.
   
    Tempos antigos ao que ocorre hoje é muito distinto: cores vivas em casas, em veículos, ruas floridas e repleta de árvores, onde o asfalto ainda era novidade e o chão de terra batida ou com pedras. Hoje demora-se a ver cores, não fossem as fachadas de lojas, e painéis de led ofuscantes vistos à longa distância. Raramente se vê flores e árvores floridas, pois o que há é muito pouco, menor ainda quando não é notado.

    Um dia desses, reparei que uma casa típica de imigrantes europeus na minha cidade, anteriormente pintada com cores vivas, foi tomada pela cor pálida do bege. É um tanto triste saber que as pessoas não tem mais interesse de restaurar e manter como era nos tempos antigos, mas sim adaptar as coisas para essa época.

    Me peguei pensando ultimamente que não conseguiria viver sem cores alegres. Sem cores no meu quarto, sem objetos decorativos alegres, e muito menos vestimentas sem variações em cores. A cor tem poderes, sejam emocionais ou convincentes. Não é à toa que é usado e abusado em combinações publicitárias. Seja o azul para representar conforto, o vermelho para simbolizar paixão e luxo, rosa para o amor e representando muitas vezes o sexo feminino, o amarelo para a fome, etc.  Somos muitas vezes motivados ou induzidos a algo pelas cores e sequer notamos.

    Ao perceber casas coloridas, bem cuidadas e com muitos apetrechos decorativos, as associamos à uma pessoa idosa. Mas por que uma pessoa idosa? Ora, geralmente um idoso é aposentado e cuida muito bem da sua residência, pois é o momento em que tem tempo e toda a paciência que lhe aprouver para tais feitios. É um tanto contraditório, viver correndo contra o tempo e só o encontrá-lo nos anos finais da vida. 

   Antigamente percebia-se cores em todos os lugares, como citei anteriormente, mas com uma diferença: havia fotografias somente no preto e branco. Hoje vemos cores frias, desprovidas de emoções alegres, mas com fotografias coloridas, o qual quase todas as pessoas têm acesso. Um tanto confuso, não?!

    O Natal, surgido não apenas para comemorações religiosas, mas principalmente trazer mais movimento no comércio, foi-se prolongando durante muitos anos, como motivo de tradição em reunir a família e confraternizar. Algumas árvores nos jardins de umas pessoas era todo colorido com pisca-piscas e bolinhas cintilantes, a parte frontal das casas eram com estrelas brilhantes ou cascatas que piscavam ao longe. Mas não é o que vemos hoje em dia, pelo menos em minha cidade, o qual até o "espírito natalino" está se extinguindo aos poucos.

    As cores, as tradições, e os costumes se perdem. E o que fica? A tecnologia que aos poucos degrada  o planeta e aliena algumas pessoas. A tecnologia que cria uma zona de conforto com o qual a pessoa não se importa com muita coisa, além de fazer sucesso em uma rede social e se fazer notado. Uma cultura globalizada reinará (como quase não tivesse reinando nos dias atuais), as pessoas se tornarão padrões. As pessoas se tornarão robôs.

    
    
    

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Onde se esconde a sensibilidade?

   Todo o dia é dia de correria: sai de casa correndo pra não perder o horário, sai do trabalho correndo pra chegar em casa porque passa o dia todo ansiando por este momento, e chega em casa e não faz nada... enfim, o dia se resume em fazer algo apressadamente para poder aproveitar outro momento. Mas e esse momento tedioso do dia, por que não o aproveita também? O dia se resume em aproximadamente 16 horas aproveitáveis, e você vai passar mais da metade dele  reclamando do que faz, que poderia estar fazendo o que maios gosta, que poderia estar relaxando?

    As cidades/estados/países estão perdendo sua identidade, ao passo que sua cultura e sua etnia eram bem definidas, hoje há um padrão que impera nesse mundo globalizado. E é um padrão pra tudo: língua, construções, roupas, costumes, culinária, etc.

   Imagine se uma pessoa qualquer for inserida em um lugar sem lhe dizerem onde é, e pergunta-se à ela: em que lugar você está? Ela supostamente não saberia dizer, salvo alguns vestígios que se for feita uma pesquisa minuciosa de detalhes culturais pelo local ela saberá, mas mesmo assim, se confundirá (principalmente se for num país multiétnico como o Brasil).

   O mundo está humanizado, mas mesmo humanizado ele perdeu um tanto da sua humanidade...confuso, não? E além do mais, um tanto de sua sensibilidade também, o que antes era cheio de coisas demoradas e bonitas (no caso de feitos humanos como construções e objetos), hoje dá espaço as fábricas, ao rápido, ao mais barato, e consequentemente (olha essa palavrinha aqui de novo) ao padrão.

   Recentemente assisti ao filme La Belle Verte, que é um lindo filme francês que trata de humanos que moravam em um dado planeta, e eles evoluíram a tal ponto que vivem em perfeita harmonia com a natureza. Curiosamente eles faziam excursões para outros planetas para observá-los e até melhorá-los em seu processo evolutivo. E à 200 anos  ninguém queria vir à Terra, e eis que um dia uma mulher decide se voluntariar. 

  Uma cena me instigou e ficará marcada em mim: quando essa mulher chega aqui, ela se choca com uma sociedade um tanto debilitada e um mundo sem muita natureza, muito humanizado (pois o lugar que ela chega é bem no centro de Paris.) Humanizado de tal forma, que quando pisa no chão o estranha, porque não sente a terra, a grama, o que sente é apenas cimento e piche. Me peguei caminhando um dia desses no centro da minha cidade e pensei em como seria estar no lugar dessa mulher, olhei o chão sem muita natureza, coberta por uma espessa camada de cores frias e tristes, e me deparei com um sentimento de vazio, de pisar em algo um tanto que surreal, e é claro,  literalmente não o sentir, pois o pisei com calçado.

   E não somente em coisas grandes, mas principalmente em coisas pequenas que a sensibilidade humana está se perdendo. Mesmo em uma cidade sem muita natureza, o pouco de natureza que há já causa muita admiração principalmente para os sensitivos, mas não precisa ser sensitivo pra notar que tem uma bela árvore florida no meio do caminho. O problema como citei no início, é a pressa e a preocupação com coisas distantes, isso nos tira do agora de tal maneira que quando passamos por algo simples e belo, nem o notamos.

   As pessoas estão muito antenadas e um tanto alienadas na tecnologia. Você tropica e BUUUM! Olha ali um adolescente com um celular mais "modafoca" que seu. E o que ele faz com ele? Só tira fotos do seu umbiguinho em fase de puberdade. E não é somente os adolescentes não, o quanto eu vejo de jovens da minha idade e até mais velhos, principalmente mulheres (porque mulher gosta muito mais de tirar selfies suas, mais do que os homens) tirando umas 500 fotos de si mesma: "Eu a 180° para leste, eu a 180° para oeste com vento, eu a 45° ao sul com sol no rosto", e blá blá blá.

   Me decepciono um pouco quando vejo um amigo e/ou conhecido que tem um perfil no Instagram e me deparo com um book de selfies incrivelmente idênticas. Tudo bem que cada um tem sua conta e faz o que quiser com ela, mas isso chega a ser monótono e cliché.

   Temos nossa rotina e correria diária, mas nada mais gostoso e prazeroso do que parar um pouco dela e reparar em lugares e coisas inusitadas, coisas que são um tanto esquecidas por nós: sentir a brisa fresca de um anoitecer, observar o por do sol quando não tem muitas nuvens, sentir o cheirinho de chuva ao cair sobre a terra, observar o brilho da lua e das estrelas, ver aquela flor e/ou árvore no jardim alheio, enfim, admirar e agradecer tanta coisa bonita que temos!

   Um dia desses estive caminhando pela minha cidade e me deparei com um senhor simples que estava com um saco cheio de latinhas, aí o cumprimentei com um simples bom dia, e a resposta que tive foi nada mais que um animado bom dia com um singelo sorriso no rosto.  Logo após, fui em um estabelecimento rotineiro, que vou todos os dias à trabalho, e cumprimentei com um bom dia (como faço todas as manhãs) uma pessoa de lá, e ela me respondeu com um monótono e entediado bom dia.

   Um bom dia deveria ser regra, nada mais gostoso do que começar o dia e receber desejos de bom dia, mas não o fazem regularmente... como se tivéssemos vivendo em meio à desconhecidos a todo o momento. E isso estristesse um pouco, pois muitas pessoas conhecidas passam por nós e nem reparam, e alguns sequer se dão ao trabalho de cumprimentar, muito menos parar pra conversar.

   Dê mais valor à natureza, as pequenas coisas, as pessoas simples, ao gestos, as gentilezas, e principalmente: seja gentil. Não deixe que sua humanidade e sensibilidade se percam por aí... pois dos valores humanos, eles são uns dos mais importantes e bonitos.

   
    
    
   

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Mas e então, o que seria o amor?

  No sentido literal, o amor é facilmente explicado como afeto, paixão, e a formação de um vínculo emocional com alguém, que seja capaz de receber este comportamento amoroso e enviar os estímulos sensoriais e psicológicos necessários para a sua manutenção e motivação, segundo a Wikipédia.
    
   E esse sentimento se dá de vários modos, como o relacionamento homossexual ou heterossexual entre duas pessoas; o amor que uma mãe sente ao filho que gerou no seu ventre ou que adotou; o amor entre um humano e um animal; o amor entre amigos, todas elas são formas de amor, cada qual no seu modo. E sendo assim, literalmente falando, amamos muito.
    
   Mas e pra você, qual a definição do amor conjugal? Está aí uma pergunta que fica divagando em nossa mente. Bom, para mim o amor é além da explicação do primeiro parágrafo, é um comprometimento, é um contrato que ambos assinam de doar-se e receber, e não doar-se por metades, mas sim, por inteiro.

  E para estabelecer esse contrato, ambos devem ter a mesma definição do amor? E se eles tivessem conceitos diferentes e amarem-se, simplesmente? Dependendo da situação, o sentimento acaba, pois normalmente queremos a reciprocidade, e se eu dou aquilo que não vou receber, ou recebo aquilo que não vou dar, não vale a pena para ambos, insistir.

   Já parou pra pensar se aquele casal de velhinhos que passam de mãos dadas na rua, ou aquele outro que passa discutindo, ainda se amam? Pode ser que o amor que tinham desde a jovialidade foi transformado em um afeto ainda maior para com o outro, e a força do vínculo foi distribuído em seus filhos e consequentemente, em seus netos. Será que em algum momento eles queriam desistir de tudo e buscar em outro alguém a felicidade? Será que o amor, um dia, foi transformado em raiva e outros sentimentos? O estar junto, não seria apenas para manter o status de casal dentro da normalidade e não desapontar os laços familiares?

   Há várias possibilidades de imaginar como um casal que agora está idoso, chegou onde está. Mas devido o passar do tempo e a mudança de conceitos, a ideia de relacionamento mudou: nada de o rapaz jogar pedras na janela do quarto da moça para chamar a atenção, convidá-la para dançar em um baile, ou ir ao um encontro levando flores e blá blá blá. Agora é só adicionar a moça pelo Facebook ou Whatssapp mantendo um diálogo intenso, chegar na moça em uma festa ou balada e já sair nos amassos, etc. O delicado e romântico deu lugar a praticidade e o julgamento facial e corporal. 

   Não digo que este conceito atual está errado, pois na época em que vivemos, se o rapaz fizesse igual antigamente como jogar pedras na janela da moça para chamar a atenção, seria considerado um ridículo, e nos casos mais extremos, o pai da moça sairia com uma espingarda na mão.

   É só parar para pensar nos ritmos e melodias que os jovens atuais costumam ouvir. É tudo basicamente incitando explicíta ou implicitamente a pegação e o sexo. É muito difícil saber se aquela pessoa que você gosta e está "pegando" só quer um caso ou um relacionamento sério, e os sentimentos se confundem. Aí quando acaba é um choro pra cá, um foda-se de lá...

   Eu sou totalmente a favor de encontros casuais. Por que não curtir um tempo com alguma pessoa legal sem ter um compromisso com ela? Mas um encontro casual desde que seja um acordo mútuo e entendimento entre ambos, nada de iludir a pessoa, dar-se a entender que ama ela só para no fim, transar. Pois com sentimentos e pessoas não se brincam.

   O amor, assim como a felicidade, um dia acaba, e também assim como ela, começa novamente. É um ciclo contínuo. O dito amor verdadeiro pode aparecer várias vezes na vida de uma pessoa, basta ela permitir-se, não ter mágoas e não ter medo de ser feliz. E aquela procura intensa desse amor verdadeiro? Balela! O amor vem, acontece, simplesmente. 

   Sendo assim, somos condenados a amar e a procriar em sociedade? Talvez. Nossa passagem pela vida não seria mais simples se não tivéssemos tais sentimentos? Seria simples, mas seria vazia. Queremos emoção, prazer, queremos dividir uma vida com alguém e preencher um vazio que nós mesmos criamos. Queremos amar, e sermos amados.
   
   

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Os opostos não se atraem

  O único lugar em que a frase "Os opostos se atraem" é corretamente colocada, é no caso dos prótons e elétrons, posteriormente com cargas opostas (positivas e negativas), cientificamente. Mas o que venho falar por meio desde texto não é sobre ciência, e sim relações na sociedade.
   
  Em partes, no assunto que vou falar, essa frase pode estar correta. Por exemplo: você é atraído fisicamente a uma pessoa totalmente oposta a você, está gostando dessa pessoa, mas não se sente bem com ela a ponto de ter uma relação duradoura. Você é atraído rapidamente, mas da mesma forma é repelido, pois uma relação não dura somente com atrações físicas.

  Tempos atrás, em diversas nações, o casamento era arranjado: os pais escolhiam o(a) pretendente pelas riquezas e posses ou para ganhar influência política. Devia ser horrível passar a adolescência criando expectativas e ilusões sobre a pessoa com quem casar e depois se frustrar com o pretendente que lhe foi arranjado, e pior ainda, passar o resto da vida com essa pessoa. Algumas pessoas conseguiram reverter o quadro acabando por gostar do parceiro, outros já não tiveram tanta sorte assim, tiveram que aguentar a "sorte grande" pelo resto da vida.

   Tempos atrás e até em alguns casos atualmente, o casal mal se conhece o suficiente e já vai viver uma vida de casado. Às vezes isso é uma consequência da gravidez, mas fora isso, acho que viver uma vida de casado no início do relacionamento não seja algo bom, principalmente para o próprio relacionamento.

  O namoro é um tempo de descobertas, as coisas e o parceiro podem parecer mais bonitos nesse tempo, principalmente no começo, mas devagar você vai vendo os defeitos do parceiro e aprendendo a tolerar. Mas se for visto muito rapidamente, o relacionamento pode não durar muito, pois pode ser uma frustração, quebrando o encanto e a paixão explosiva do início.

 Conheço pessoas que tiveram relacionamento de até 8 anos, e só depois estão vivendo uma vida definitivamente como casal, morando juntos. Apoio totalmente esse conceito, pois viver uma vida de casal é muito difícil principalmente quando se é muito jovem, você acaba perdendo muitas coisas e terá que dividir atenções e tempo com seu parceiro, e isso será muito pior se o relacionamento não durar.

  Como indivíduos de personalidade e de diversos interesses e gostos, nos aproximamos das pessoas parecidas conosco, é óbvio, porque pra nos sentirmos bem é só fazendo o que gostamos com pessoas que nos damos bem. 

   Se você é uma pessoa festeira que adora sair todo final de semana e conhecer muitas pessoas, pode ser um tédio horroroso passar o final de semana vendo o trilogia do Senhor dos Anéis ou a saga do Star Wars na casa de alguém, e vice-versa.

   Com o uso das redes sociais, você procura ter um conhecimento inicial da pessoa, se tem os gostos e personalidades parecidos, e acaba tendo conversas iniciais, ainda sem se conhecerem pessoalmente. E aí se gostar ainda mais pessoalmente, pode ser que daí nasça um relacionamento duradouro.

   Não vá achar que está feliz na sua relação levando o conceito de que vai aprender a gostar da pessoa com o tempo. Você vai perder parte de sua vida criando uma expectativa que pode não dar certo. O mundo é cheio de pessoas para você conhecer e a vida é (poderá ser) longa para achar que nunca vai conhecer o parceiro com quem vai passar boa parte da sua vida.

   Podemos nos atrair por várias pessoas tanto no setor amoroso quanto nas amizades, mas não se deixe enganar, atração não é tudo. Não julgue uma pessoa que você não conhece realmente por não ter os mesmos gostos que você e por se sentir  repelido à ela, pois muitas pessoas são incríveis, a seu modo.