sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A necessidade de coisas especiais

  Já parou pra pensar a quantidade de dias que têm uma descrição especial que é comemorada ou é apenas lembrada? Dei uma olhadela rápida em um site, e deu pra notar que praticamente todos os dias são dias de algo, ou mais precisamente, algos.

  E aí me pergunto: qual a necessidade de tais fatos com tanta frequência? Seria para nos lembrarmos de tantos feitios, profissões, sentimentos, religiosos (praticamente todos católicos), etc., que nosso cérebro um tanto esquecido não seria capaz de lembrar que existem?

  Quase todo o mês tem uma data comemorativa maior estimulada pela mídia. Explodem-se as "promoções", vitrines elaboradas na temática, e se permitirmos, poem-nos na nossa consciência uma obrigação, ou melhor, empoem-nos uma lei de lembrar e presentear, anteriormente ou precisamente na data.

   Isso é tão bem elaborado que caímos direitinho, por exemplo: algumas pessoas mais próximas esquecem de nossa data de aniversário, ficamos um tanto chateados. E isso acontece por que? Porque já acostumemos desde nossa infância receber um abraço e/ou um presentinho de algumas pessoas quando completamos mais um ano de vida, que se esquecerem de tais atos, sentiremos falta.

   Ninguém é obrigado a lembrar ou presentear na data pré-estabelecida. Essa ideia de tornar as coisas mais especiais tornam-as clichês, deixando a normalidade de lado. Não seria legal e estimulante ver vitrines de lojas mais criativas, com temas amplos sem compromissos com datas comemorativas; ser elogiado e receber palavras de carinho e estímulo a qualquer data e hora; e receber surpresas como presentes ou atos gentis de pessoas mais próximas?

  Quantas coisas que esperávamos ou planejávamos serem especiais foram furadas, às vezes tão furadas que mudaram todo o sentido da coisa? O Universo não é todo a nosso favor, imprevistos acontecem sempre, nas horas menos esperadas.

   Lembra como foi seu primeiro beijo? E aí, foi um beijinho doce, digno de honrarias ou uma melação horrorosa que você nem prefere lembrar? Coisas como essa, que quando ocorrem pela primeira vez, não têm necessidade e obrigatoriedade de serem especiais. Como sendo primeiras, podemos não estar tão preparados de  imediato, podem não serem dignas de títulos e honrarias, mas com o passar do tempo, tornam-se especiais, porque você buscou melhorias e aperfeiçoamento.

  Toda essa geringonça de especialismo tornam as coisas supérfluas, fazendo com que esqueçamos de apreciar as coisas e as pessoas sem compromisso e a qualquer momento. Assim como no pôr do sol que varia a coloração e a intensidade a cada dia, assim são os momentos, em constante diferença e mudança. Há alguns  tão pequenos e nem tão bons assim, que não chegam a passar da memória de curto prazo, aquela que tem duração de segundos ou minutos.

  Para que se importar tanto em planejar e tornar as coisas em especiais se não lembraremos delas afinal? Temos tantas coisas em constante movimento de entra e sai em nossa memória, que o mais provável é teremos fragmentos e flashes quando tentar lembrarmos. 

  Cada dia é um dia diferente, não é o destino que o faz, mas sim suas energias e ações. Fazer com que as coisas se tornem especiais dependem de um conjunto em plena cooperação como: humor e disposição de pessoas em primeiro plano e em alguns casos em segundo plano; espaço-tempo; em outras vezes a grana ajuda; etc., essas seriam as que julgo como  principais, variando de casos e ações.

  Enfim, aproveite a vida, os momentos, e as pessoas, sem especialismo e planos desnecessários. Não sabemos quando será nosso dia final, e quando poderá acontecer um imprevisto infeliz. Tentemos ser mais compreensivos e menos cobrantes para com as pessoas, não sabemos como elas se sentem e como seus cérebros realmente funcionam.




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