Caminho pelas ruas e observo o céu: cinza e frio, com nuvens amontoadas indicando possível chuva. Reparo no chão e vejo um tom de cinza mais escuro ainda. Olho para os lados, observo as casas, e eis que vejo cores distintas, mas não variam mais do que cinza, branco, e bege.Vejo carros, pessoas, e é sempre igual, a mesma monotonia de cores, rareando entre um vermelho ou azul tímido, o qual não quer se fazer notar.
Tempos antigos ao que ocorre hoje é muito distinto: cores vivas em casas, em veículos, ruas floridas e repleta de árvores, onde o asfalto ainda era novidade e o chão de terra batida ou com pedras. Hoje demora-se a ver cores, não fossem as fachadas de lojas, e painéis de led ofuscantes vistos à longa distância. Raramente se vê flores e árvores floridas, pois o que há é muito pouco, menor ainda quando não é notado.
Um dia desses, reparei que uma casa típica de imigrantes europeus na minha cidade, anteriormente pintada com cores vivas, foi tomada pela cor pálida do bege. É um tanto triste saber que as pessoas não tem mais interesse de restaurar e manter como era nos tempos antigos, mas sim adaptar as coisas para essa época.
Me peguei pensando ultimamente que não conseguiria viver sem cores alegres. Sem cores no meu quarto, sem objetos decorativos alegres, e muito menos vestimentas sem variações em cores. A cor tem poderes, sejam emocionais ou convincentes. Não é à toa que é usado e abusado em combinações publicitárias. Seja o azul para representar conforto, o vermelho para simbolizar paixão e luxo, rosa para o amor e representando muitas vezes o sexo feminino, o amarelo para a fome, etc. Somos muitas vezes motivados ou induzidos a algo pelas cores e sequer notamos.
Ao perceber casas coloridas, bem cuidadas e com muitos apetrechos decorativos, as associamos à uma pessoa idosa. Mas por que uma pessoa idosa? Ora, geralmente um idoso é aposentado e cuida muito bem da sua residência, pois é o momento em que tem tempo e toda a paciência que lhe aprouver para tais feitios. É um tanto contraditório, viver correndo contra o tempo e só o encontrá-lo nos anos finais da vida.
Antigamente percebia-se cores em todos os lugares, como citei anteriormente, mas com uma diferença: havia fotografias somente no preto e branco. Hoje vemos cores frias, desprovidas de emoções alegres, mas com fotografias coloridas, o qual quase todas as pessoas têm acesso. Um tanto confuso, não?!
O Natal, surgido não apenas para comemorações religiosas, mas principalmente trazer mais movimento no comércio, foi-se prolongando durante muitos anos, como motivo de tradição em reunir a família e confraternizar. Algumas árvores nos jardins de umas pessoas era todo colorido com pisca-piscas e bolinhas cintilantes, a parte frontal das casas eram com estrelas brilhantes ou cascatas que piscavam ao longe. Mas não é o que vemos hoje em dia, pelo menos em minha cidade, o qual até o "espírito natalino" está se extinguindo aos poucos.
As cores, as tradições, e os costumes se perdem. E o que fica? A tecnologia que aos poucos degrada o planeta e aliena algumas pessoas. A tecnologia que cria uma zona de conforto com o qual a pessoa não se importa com muita coisa, além de fazer sucesso em uma rede social e se fazer notado. Uma cultura globalizada reinará (como quase não tivesse reinando nos dias atuais), as pessoas se tornarão padrões. As pessoas se tornarão robôs.